Falando de Bola
As vitórias no final das partidas, os gols marcados por Evandro após os 45 minutos, e o sofrido triunfo frente a Chapecoense, após um segundo tempo em que foi amplamente dominado, serão, provavelmente, parte de um roteiro que se desenha sádico para os torcedores Alviverdes.
O primeiro tempo contra a Chapecoense, assim como já tinha sido contra o Grêmio pela Copa do Brasil, trouxe a impressão de que o Coritiba que jogou o primeiro turno do Campeonato Brasileiro não passou de um pesadelo, que finalmente tinha terminado.
Troca de passes, triangulações, saídas em contra-ataques com velocidade, tudo isso foi visto no primeiro tempo destes dois jogos. Porém, no segundo tempo das duas partidas, o pesadelo recomeçou e o torcedor compreendeu perfeitamente o porque do Coritiba estar em situação difícil no campeonato brasileiro.
Em um elenco que se desenha numeroso, com várias opções, mas limitado tecnicamente, o treinador precisa errar o mínimo possível, ou então, não errar. Pois um equívoco em uma substituição pode estragar todo o trabalho que está sendo bem feito.
Contra a Chapecoense, Ney Franco quis dar ritmo ao meia Marcos Aurélio, provavelmente por achar que este jogador deverá ser importante nesta difícil caminhada, o que eu também acho, o problema é que a opção não foi a mais apropriada. Com a saída de Cáceres, o Coritiba perdeu um jogador que vinha marcando bem e optou por um que "não cerca nem Lourenço".
A ideia talvez fosse adiantar a marcação e pressionar a saída de bola da Chapecoense, porém Marcos Aurélio, sem ritmo, não cadenciou o jogo, não deu velocidade, muito menos marcou a saída de bola do adversário.
Assim, o Coritiba deu campo para o time catarinense jogar e por pouco não sofreu o gol de empate, conseguindo equilibrar o jogo apenas quando Misael entrou no lugar de Ruy.
Ainda bem que deu tempo do treinador Alviverde corrigir a postura tática do time com essa substituição, mas é preciso que Ney Franco repense em seu conceito de colocar Lucio Flávio como segundo volante, deixando apenas João Paulo na marcação, principalmente nos jogos que estiver na frente do placar.
Por outro lado, sofrimentos a parte, o Coritiba vem encorpando nesta reta decisiva do campeonato.
Ganhou Wilson, um grande goleiro que tem tudo para se transformar em ídolo Alviverde. A camisa verde e branca caiu tão bem para o goleiro, que parece ter sido vestida por um torcedor dentro de campo.
Na defesa, Ney Franco ganhou um improvisado lateral direito, Leandro Silva, que se mostra consistente defensivamente e "abusado" ofensivamente. Mesmo atuando fora de posição, o jogador tem tentado ajudar no ataque. E com a colocação de Leandro como lateral direito, o treinador Alviverde deu a titularidade a Walisson Maia, que tomou conta da posição. No domingo, colocou o experiente atacante Roger "no bolso". Sem contar a volta de Carlinhos, que sem ritmo, após meses fora do time por contusão, já mostrou que a lateral esquerda do Coritiba tem dono, e a chegada de Rafael Marques, que trouxe a segurança necessária ao miolo de zaga.
O meio vem melhorando, principalmente na marcação. João Paulo subiu de rendimento e Cáceres vem mostrando que pode ser o segundo volante. Lúcio Flávio tem jogado muito nas últimas partidas em sua real posição. Ruy ainda está distante do futebol que se espera dele, mas já evoluiu tecnicamente nas duas últimas partidas e tende a crescer ainda mais.
O ataque que vinha capengando com a má fase de Rafhael Lucas, ganhou em Henrique Almeida um jogador decisivo, que tem marcado gols decisivos, assim como o garoto Evandro o 12º jogador Alviverde, que tem se notabilizado por tirar o sofrimento do torcedor Coxa sempre nos finais dos jogos. E Negueba voltou a mostrar um bom futebol, sendo muito importante, não só na parte ofensiva, como também auxiliando defensivamente, como foi visto na marcação do lateral Apodi no jogo contra a Chapecoense.
E ainda tem Kleber e Juan retornando de lesão, e que deverão ser extremamente úteis nesta seqüência dificílima para escapar do rebaixamento.
O Coritiba não tem um time de encher os olhos, porém se os jogadores e a torcida lutarem juntos até o fim, as chances de continuar na primeira divisão são muito grandes, mesmo que a única certeza de que todos tem é que o sofrimento deverá continuar até a última rodada.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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