Falando de Bola
A notícia de que Adrián “Maravilla” Martínez renovou com o Racing até 2028, com uma cláusula rescisória de 122 milhões de euros, soa quase como uma ironia para o torcedor do Coritiba. Sim, estamos falando do mesmo atacante que vestiu a camisa alviverde em 2022, fez apenas 4 gols em 24 jogos, e saiu sem deixar grandes lembranças.
Hoje, é ídolo na Argentina, campeão da Sul-Americana e da Recopa, e avaliado como um dos maiores ativos do futebol sul-americano. O que mudou?
A trajetória de Maravilla é mais uma daquelas que alimenta a eterna pergunta que atormenta o torcedor: será que deixamos passar mais um?
Infelizmente, não é a primeira vez que isso acontece. Já vimos o filme com Matheus Cunha, que saiu da base a troca de bananas para que o clube adquirisse o passe de Matheus Galdezani. Dodô, outro que atuou por aqui e era constatemente criticado, hoje é titular da Fiorentina. Igor Jesus, mais um vendido a baixo valor ao futebol árabe e que se tornou protagonista do Botafogo campeão brasileiro e da libertadores. O volante Zé Rafael, pouco utilizado no time profissional, se tornou multi-campeão pelo Palmeiras. E tantos outros que passaram como coadjuvantes no Couto Pereira e viraram protagonistas longe daqui.
É claro que cada caso tem suas particularidades. Talvez Adrián Martínez realmente não estivesse pronto em 2022, mesmo com 30 anos. Talvez a comissão técnica da época comandada por Guto Ferreira não enxergou seu potencial e optou por dispensá-lo. Talvez o ambiente do clube não favorecesse seu crescimento. Ou talvez o erro tenha sido nosso — por falta de paciência, de planejamento ou até mesmo de sensibilidade.
A verdade é que, por trás desses “talvez”, está uma falha recorrente do Coritiba nos últimos anos: a dificuldade em desenvolver talentos e extrair o melhor de quem chega. Quantos atletas chegam ao clube e parecem piores do que eram? Quantos saem e crescem em outras praças?
O caso Maravilla escancara uma ferida que vai além do campo. É sobre visão, continuidade, projeto e convicção. E, acima de tudo, é sobre valorizar antes que o mercado valorize.
Porque, no futebol, o timing é tudo. E talvez o nosso, no caso de Adrián Martinez, tenha sido, mais uma vez, errado.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)