Falando de Bola
Não acompanhei o Coritiba da década de 70. Para muitos, inclusive meu pai, foi a época áurea do time Alviverde.
Grandes esquadrões eram montados para representar o time dentro de campo. Fora dele dirigentes com mentalidades gigantes, vontade de vencer e de colocar o Coritiba entre os grandes do futebol brasileiro.
E conseguiram. O time Coxa era respeitado. Quem vinha jogar no Couto Pereira já sabia a pedreira que teria pela frente. Não tinha vida fácil quando do outro lado estava a camisa Alviverde.
Pelé foi um dos que sofreu por aqui, e assim muitos outros grandes nomes do futebol brasileiro à época.
Muitos daqueles que não acompanharam a década de 70 se perguntam até hoje o porque do título mais significativo daquele time ter sido "apenas" o "Torneio do Povo" , se a equipe era tão boa quanto dizem até hoje.
No Torneio do Povo, o Coritiba venceu um mini-campeonato brasileiro, pois enfrentou Flamengo, Corinthians, Internacional, Atlético/MG e Bahia.
Naquela época vencer um torneio nacional era uma tarefa praticamente impossível para um time que não fosse do eixo RJ/SP/RS/MG. O único time que conseguiu superar os chamados grandes foi o Guarani em 1978, com uma equipe que tinha Gomes, campeão brasileiro em 1985 pelo Coritiba, Zenon, Careca, entre outros grandes craques.
O Coritiba era apenas um dos esquadrões daquela década, pois existiam vários outros, como o Santos de Pelé, o Corinthians de Rivelino e Paulo Cesar Caju, o Botafogo de Jairzinho, o Cruzeiro de Nelinho, Piazza e Palhinha, o São Paulo de Pedro Rocha e Forlan, o Atlético Mineiro de Dadá Maravilha, o Palmeiras de Leão, Luiz Pereira e Ademir da Guia, o Internacional de Falcão e Figueroa.
Porém, mesmo enfrentando grandes esquadrões, o Coritiba era respeitado, pois jogava como um time grande. Não se acovardava, e mostrava que dentro do Couto Pereira quem mandava era ele. E mesmo fora de casa, o time Alviverde trazia bons resultados, pois não passava os noventa minutos se defendendo, jogando por uma bola.
Hoje, tudo mudou. O discurso dos jogadores do eixo é que não podem perder pontos para um time como o Coritiba, mesmo que o jogo seja no Alto da Glória.
Ninguém mais respeita a camisa Alviverde. Se nem a própria diretoria respeita a camisa que tornou o Coritiba conhecido no cenário futebolístico brasileiro, quem dirá atletas, treinadores e dirigentes de outras equipes.
Mas isso é culpa de pessoas que já trabalharam por aqui ou ainda trabalham.
Péssimos dirigentes que conseguiram reduzir o clube a tal ponto, que o Coritiba virou atualmente um clube de uma torcida apenas de Curitiba e região metropolitana.
Vários treinadores que passaram por aqui ao longo destes anos sem a mínima capacidade tática e intelectual, transformando o time Alviverde em presa fácil para os seus adversários.
E jogadores sem o mínimo compromisso com o clube, passando por aqui apenas para receber o seu salário e fazer do Coritiba um trampolim para alçar vôos maiores.
É claro que existem exceções, mas os fracos resultados, principalmente depois do título nacional em 1985, mostra que o Coritiba não soube aproveitar o grande momento de sua história, quando tinha tudo para se consolidar entre os "grandes" do futebol brasileiro, ratificando sua condição de médio no cenário nacional, que vem se apequenando cada vez com o passar dos tempos.
E com isso, o torcedor vem se afastando cada vez mais do estádio. Nem jogos de grande clamor público contra as equipes tradicionais do futebol brasileiro vem chamando a atenção do torcedor Alviverde, pois atualmente, este sabe que irá ao estádio para ver seu time jogar como pequeno, se acordando quando deveria se agigantar.
Enquanto a filosofia não mudar, o Coritiba continuará perdendo cada vez mais o respeito no cenário futebolístico brasileiro.
O Coritiba só voltará a ser grande quando jogar e ser gerido novamente como um time grande!
Quem sabe o jogo contra o Palmeiras não possa ser um momento para os atletas conhecerem um pouco da história do Coritiba e saber que na noite de 05 de maio de 2011, um certo Coritiba goleou o Palmeiras de Felipão por 6x0 em uma noite épica no Alto da Glória.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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