Fatos e Argumentos
O que é justiça no futebol?
Naturalmente não seria justo se Coritiba, Corinthians, São Paulo ou Grêmio ganhassem os campeonatos nacionais todos os anos. Nós torcedores, sempre passionais, no entanto, exigimos a vitória.
A partida de ontem contra o São Paulo simboliza exatamente isso: o Coritiba jogou bem, para frente, buscou a vitória, mas acabou amargando mais uma derrota fora de casa.
Entretanto, o fato de o Coritiba ter sido melhor armado que o São Paulo na partida de ontem não o credencia a uma vitória, isto é, não obriga o destino a nos dar os três pontos, tal como foi com o Flamengo.
As partidas hoje são decididas no milímetro, no detalhe, no algo a mais - e assim foi ontem. Esse detalhe costuma custar muito caro, tanto para quem paga o salário de atletas como Lucas e Neymar, quanto para quem está do outro lado e não possui atletas com esse nível de qualidade (e salário).
Desde os primeiros minutos, Lucas encontrava espaços para arrancar. E foi dos pés dele que saíram os principais, senão TODOS os lances do São Paulo. As tabelas com Luis Fabiano estavam enlouquecendo Démerson e Emerson, que embora muito aguerridos e bem postados em campo, não conseguiam conter o ímpeto criativo desse jogador.
Foi dos pés dele o único gol da partida. Em jogada individual no estilo Messi, cruzou toda a zaga e chutou para o lado inverso com rara precisão. O gol definiu a partida e pregou uma dura lição à comissão técnica alviverde.
Essa dura lição serve mais uma vez como alerta - e esse alerta já está virando quase um outdoor: sem um atacante de série A, estamos fadados ao fracasso neste ano.
A impotência do ataque do Coritiba é notória. A equipe de Marcelo Oliveira dominou os 90 minutos da partida, com maior volume de jogo e posse de bola, no entanto, não consegue colocar a bola para dentro. Falta o último passe e o arremate, falta a qualidade de posicionamento e a criatividade para surpreender, falta o algo a mais...
Everton Ribeiro e Everton Costa x Lucas e Luis Fabiano.
É evidentemente irônica da comparação acima.
Éverton Ribeiro jogou muito bem ontem e quis o acaso que aquele chute explodisse no travessão e não entrasse. Já Everton Costa não foi bem. Participou muito do jogo, mas raras foram as jogadas efetivas que saíram de seus pés. Minha sensação durante a partida é que era jogo para Lincoln no segundo tempo, mas a entrada desse jogador não surtiu os efeitos que eu esperava.
Tivéssemos um atacante de alto nível no elenco ontem, e entendo que o resultado seria diferente.
Já Lucas e Luis Fabiano abusaram do toque de bola pelo meio, dos cruzamentos, dos arremates de longa distância. Um rol de opções e estratégias para chegar ao gol adversário. Lucas ainda estava pendurado e não conseguimos descolar um cartão amarelo dele, que o tiraria da partida de volta.
A expulsão parece ter acomodado o Coritiba.
A sensação que todo o brio do Coritiba estava em provar que poderia vencer o São Paulo no Morumbi. De fato isso ficou provado. Porém, após a expulsão, um misto de alívio e cansaço nos atletas alviverdes abateu a equipe, que não conseguiu mais criar boas oportunidades de gol e, pior, começou a dar espaço ao tricolor paulista.
Parece que a expulsão aliviou os jogadores no sentido de "Ufa, as chances de conseguirmos um empate estão maiores". Sentido que o destino não perdoou e castigou com o resultado adverso, obtido com um jogador a menos.
Após a expulsão, me parece que faltou a "obstinação pela vitória". Como a obrigação da vitória era do São Paulo, o Coritiba não foi obstinado por esse resultado.
O futebol é justo?
Apesar da triste sensação que fica dos jogos fora de casa: jogou como nunca, perdeu como sempre, é necessário admitir que entendo que ontem o futebol foi, sim, justo. O talento venceu a garra e o coração, a técnica venceu a tática. Desnecessário se comparar a folha salarial das duas equipes, não é? Repito: o maior volume de jogo do Coritiba não o credencia a ser o vencedor. A falta do algo a mais, na minha opinião, concede a justiça à vitória do São Paulo.
Entendo que o Coritiba tem chances plenas de conseguir a classificação no Couto Pereira, mas a ineficiência fora de casa pode ter custado muito caro. Mais uma vez...
Destaques positivo para Airton: na minha opinião, o melhor do Coritiba em campo.
Alex Meger de Amorim
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