Futebol, Ciência e Opinião
No campeonato da Espanha, antes do início da temporada já se sabe quais os clubes com chances de disputar o título, Barcelona e Real Madrid. Nos últimos 20 anos, os dois clubes conquistaram 16 vezes o primeiro lugar.
No campeonato brasileiro, a diferença das cotas de TV e exposição dos clubes nos canais abertos, indica quais possuem reais chances de conquistar o título, restando aos clubes médios e pequenos a briga por uma vaga na taça libertadores ou fugir do rebaixamento.
Os clubes considerados grupo 1, recebem em torno de 3 vezes mais que o Coritiba, que está disposto no grupo 4. Além do abismo na divisão das cotas, os clubes com maior receita de TV ainda possuem a maior exposição na mídia, o que aumenta o valor de mercado dos patrocinadores na camisa de jogo, agravando o desequilíbrio financeiro.
Mesmo com todas essas “vantagens”, alguns clubes do primeiro grupo possuem uma administração tão ruim e amadora, que acabam equivalendo-se aos grupos inferiores. Além de prejudicar sua agremiação, a incompetência na gestão causa impacto negativo aos demais, pois com maior receita oferece salários astronômicos incompatíveis com a realidade brasileira, inflaciona o mercado e dificulta a contratação de atletas com valores justos pelos clubes de pequeno e médio porte.
Quando um clube como o Flamengo faz uma oferta mensal acima de 300 mil reais, qualquer jogador da primeira divisão se acha no direito de receber pelo menos 30 mil, mesmo que seja reserva. O Coritiba aumentou sua receita de TV, entretanto o mercado foi inflacionado de tal maneira que na prática pouca coisa mudou.
Para manter seus atletas e reforçar o elenco, os clubes menores acabam sujeitando-se a pagar valores incompatíveis com sua realidade financeira, já aqueles com uma gestão realista sentem dificuldade em contratar, correm risco de rebaixamento e acabam por não aspirar conquistas maiores na competição.
O que observamos hoje no Coritiba, é a dificuldade em contratar atletas que estejam dispostos a atuar dentro da realidade do clube. Para honrar seus compromissos, não se contrata o que não se pode pagar, por conseqüência já é claro o risco que corremos na competição.
Na opinião desse colunista, enquanto não existe uma mobilização dos clubes de médio e pequeno porte contra a desigualdade gerada pelas cotas de TV, o caminho do Coritiba é investir na formação de jovens atletas, reservando valores para contratações daqueles com boa qualidade técnica para a titularidade. Jogadores para completar elenco, devem ser todos oriundos das categorias de base, não se pode gastar em contratação com atletas para ser segunda ou terceira opção, isso é obrigação de uma categoria de base bem estrutura e com qualidade.
Essa deveria ser uma política do clube, antes de procurar um atleta de nível médio no mercado para completar o elenco, a prioridade é apostar no jogador sub20 da posição. Isso aumenta o grau de responsabilidade dos gestores da base, é importante criar metas, estabelecer métricas de controle e principalmente criar essa cultura na categoria profissional. Isso não pode ocorrer apenas em situações de dificuldade financeira, pois em todas as épocas de pouco dinheiro os garotos tiveram oportunidade de atuar e demonstram capacidade superior aos atletas de nível duvidoso que eram contratados.
Não é todo dia que se forma um Alex, Rafinha, Adriano, Pachequinho, mas todo ano as categorias de base tem como obrigação apresentar ao profissional atletas com capacidade superior aqueles que hoje são contratados apenas para compor elenco.
Para fugir da “espanholização” do futebol brasileiro é preciso de soluções alternativas, como plano de sócio, uma gestão administrativa eficiente, priorizando sempre a formação e aproveitamento dos atletas do clube.
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