Futebol, Ciência e Opinião
Em 1985, o Coritiba foi campeão brasileiro, houve um apoio incondicional mesmo com a perda do estadual no segundo semestre. Em 1986, o clube foi campeão estadual já no campeonato brasileiro fez uma péssima campanha, ficando em 44 º, ainda sob a ressaca do título nacional.
Após as péssimas campanhas nos estaduais de 1987(sexto) e 1988(décimo primeiro e penúltimo), a torcida não teve mais paciência e cobrou forte a diretoria. Nós da Torcida Mancha Verde, fomos até a sala da presidência, Bayard nos recebeu e perguntou, -“o que vocês querem?”, o saudoso Betão responde: -“Só queremos time”.
Com o apoio incondicional nas arquibancadas, como era marca registrada da Mancha Verde, a equipe formada em 1988 e 1989(talvez o melhor time de todos os tempos) correspondeu. Ajudamos o clube em todos os aspectos, inclusive trabalhando nos bingos realizados no Couto Pereira sem nenhuma remuneração. A equipe era excelente, um título maravilhoso, o estádio passou por reformas, saíram os alambrados e vieram os fossos, o clube estava voltando a tomar seu rumo de gigante do futebol brasileiro.
Sem uma cobrança mais forte por parte da torcida, que acreditava que o clube estava bem gerenciado, a diretoria da época resolveu tomar uma péssima atitude e deixar de jogar em Juiz de Fora contra o Santos, o desfecho todo mundo já conhece, por puro acaso não tivemos que jogar a terceira divisão.
Foram anos de amargura, jogadores de péssimo nível, passe de atletas penhorados para pagamento de IPTU, anos na vergonhosa segunda divisão e todo ano sendo "surrado" no estadual.
Em 1995 surge um grupo, denominado “Triunvirato”, estabeleceram o mínimo de organização, capitalizaram o clube e o Coritiba retornou a primeira divisão, mais uma vez a torcida deu sua resposta, apoiando tudo o que vinha sendo feito de positivo e acreditando em um novo rumo.
Após uma campanha razoável em 1996 e 1997, o Coritiba montou uma grande equipe em 1998, mais uma vez a torcida fez o seu papel e lotou as arquibancadas do Couto Pereira, a equipe chegou a liderança da competição e só não foi campeã porque perdeu seu treinador Valdir Espinosa e optou pelo incompetente Daryo Pereira. Nesse ano a diretoria, fez dívidas milionárias que comprometeram o clube por vários anos.
1999, o Coritiba voltou a ser campeão estadual após 10 anos, a crise financeira foi muito grande, salários e bichos atrasados era uma prática constante, não fomos rebaixados pelo profissionalismo de alguns atletas. A ressaca do título estadual após tanto tempo, fez a torcida deixar de observar os problemas administrativos do clube, que voltou a decadência em 2000, sendo eliminado da Copa Sul pelo Grêmio de Maringá.
O clube passava por outra crise administrativa, enfim surge Giovani Gionédis, que implanta uma filosofia profissional e aparentemente vencedora. A torcida apóia incondicionalmente, o clube faz uma ótima campanha em 2003 e consegue uma vaga na taça Libertadores do ano seguinte.
Em 2004, após a eliminação no torneio continental, o Coritiba faz uma campanha ruim, o presidente passa a tomar decisões sozinho, os membros da diretoria vão deixando o clube reclamando da falta de democracia. Novamente, a torcida iludida com bom desempenho e sensação de boa administração, não cobra atitude do clube como deveria. Em 2005, praticamente sozinho no comando, o presidente Gionédis negocia os melhores atletas e no final do campeonato o Coritiba é rebaixado para a segunda divisão.
A história se repete mais uma vez, a torcida se mobiliza, o presidente contrata jogadores de qualidade e caráter duvidoso. A torcida perde a paciência e agride alguns jogadores no aeroporto, enfim o clube permanece na série B em 2006.
Em 2007, surge novamente um movimento da torcida pró-Coritiba e contra o atual presidente, as faixas são viradas, cria-se o slogan da “torcida que nunca abandona”, novamente o apoio incondicional nas arquibancadas e a equipe volta a série A.
Um novo grupo “salvador” assume o clube como chapa de oposição, prometendo um clube democrático, 80% de acerto nas contratações, novamente a torcida apoiou em todos sentidos, a equipe foi campeã estadual e fez um bom campeonato brasileiro já que tinha uma excelente base de jogadores oriundos de 2007.
O ano de 2009 é marcado pelas “lambanças”, gastos excessivos, contratações ridículas, tudo como justificativa pelo ano do centenário. Um vexame total no estadual e principalmente no campeonato brasileiro, essa história termina como todo mundo conhece e não vale a pena relembrar.
Em 2010, surge um novo “Salvador da Pátria”, Vilson Ribeiro, um homem de “ficha limpa”, que fazia parte da gestão administrativa anterior, recebe o apoio incondicional do torcedor para reconstruir o Coritiba. A equipe sagra-se campeã estadual e nacional da série B, um milagre Coritibano tendo em vista o estado que o clube se encontrava 11 meses antes.
Surge uma nova filosofia de trabalho, o clube chega a final da Copa do Brasil em 2011. Em 2012, alguns membros da diretoria deixam o clube queixando-se do presidente. A superintendência de futebol começa a desmanchar o plantel, atletas importantes vão reforçar concorrentes dentro do futebol brasileiro, jogadores de qualidade duvidosa são contratados, em sua grande maioria vinculados a uma empresa. Mesmo assim o Coritiba sagra-se campeão estadual e chega a final da Copa do Brasil, mais uma vez derrotado pela falta de coragem do seu treinador, assim como ocorreu em 2011. Já no brasileiro a equipe flerta com a zona de rebaixamento, só não foi rebaixada pela fragilidade de alguns adversários e pela estrela de David.
O ano de 2013 começa, o craque Alex retorna como havia prometido a vários anos, atletas de baixa qualidade são contratados e outros titulares absolutos são negociados. A equipe faz um estadual muito irregular contra equipes semi – amadoras, mesmo assim sagra-se campeão contra o rival, com o craque Alex carregando a equipe praticamente nas costas.
A expectativa para o brasileirão era de preocupação tendo em vista o elenco e nível técnico no estadual, novamente o craque Alex desequilibra comando uma equipe bem posicionada pelo seu treinador.
Pensando de forma racional, o Coritiba não tem elenco para estar na liderança do brasileiro, não podemos nos deixar levar pela ilusão e achar que essa equipe tem condições de ser campeã sem algumas contratações. É fundamental a manutenção do elenco , permanecer com atletas de qualidade que atualmente não estão jogando como é caso do Willian, que já demonstrou ao longo dos anos sua boa capacidade técnica.
Essa revolução que hoje tanto se fala, nada mais é que o apoio incondicional que a torcida sempre teve nas arquibancadas na sua centenária história, não é nenhuma novidade, parem com isso !!!
Essa mesma torcida, que agora virou revolucionária, vai vaiar e reclamar quando for necessário, como sempre aconteceu e ocorre em todos os clubes do mundo. O torcedor é passional, vive as emoções do jogo de acordo com o desempenho dos atletas em campo e resultados.
Já passou da hora de dar as mesmas oportunidades e seqüencia para os jogadores da base como se faz com os atletas de empresários. O Coritiba passou 3 anos sem lateral esquerdo e agora que temos uma grande promessa surgindo o departamento de futebol resolve contratar a granel. Seria para fechar a negociação ?
Vou apoiar o que for bom e vou criticar duramente o que estiver errado, depois de longos anos cheguei a conclusão que o apoio incondicional é péssimo para o clube, a história sempre se repete e dessa vez em caso de fracasso vão jogar nas costas da torcida.
Eu não me iludo mais, vou continuar cobrando !!
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