Futebol, Ciência e Opinião
Um calendário extenso com a apresentação dos atletas nos primeiros dias de janeiro, fim da temporada no início de dezembro, somado a quantidade de jogos e competições, causam reflexos negativos ao ciclo anual dos clubes.
Desde a década de 50, vários estudos foram publicados, principalmente no Leste Europeu, em relação ao ciclo anual de treinamento de atletas de competição. Durante a década de 60, a teoria do soviético Lév Matvéiev denominada “ Periodização”, passou a ser amplamente utilizada por treinadores e pesquisadores em todo mundo, em diversas modalidades esportivas coletivas e individuais.
A “Periodização”, possui como base do sucesso alguns períodos que devem ser objetivados durante um ano de treinamento, de forma simplificada são: Período Preparatório, Período Competitivo e Período Transitório.
Período Preparatório: Chamado no futebol de pré-temporada, tem como objetivo o treinamento físico, técnico e tático visando as competições.
Período Competitivo: Período de competição
Período de Transitório: Período de destreinamento para o início de um novo ciclo, afim de restaurar fisiologicamente e psicológicamente o atleta para enfrentar um nova etapa.
Realidade do Futebol Brasileiro
Em razão do calendário e da necessidade de competir praticamente o ano todo, tornou-se impossível utilizar-se da teoria de Matvéiev e novos conceitos foram adotados.
Surgiram a alguns anos atrás, planificações onde o Período Preparatório fazia parte do campeonato, consistia em “treinar” o atleta durante o transcorrer da competição afim que atingisse o melhor na fase final, era comum ouvirmos a frase: “ Nossa equipe deve chegar a 100% próximo do final do campeonato”.
Com a implantação do campeonato brasileiro de pontos corridos, a estratégia de “treinar” durante a competição foi substituída por uma adaptação da “Periodização Ondulatória”. Nesse formato de competição, todos os jogos do campeonato possuem o mesmo grau de importância.
A estratégia consiste em planificar e adequar as necessidade de treinamento e repouso do atleta o ano todo. Os atletas são submetidos a rigorosos testes físicos e avaliações laboratoriais no transcorrer da temporada, com isso suas capacidades individuais são monitoradas afim que se mantenham em bons níveis e principalmente estáveis.
Fisiologista
Nesse modelo, o papel do fisiologista juntamente com os preparadores físicos, é tão importante quanto do treinador, pois serão discutidos quais atletas devem ser utilizados ou poupados, sejam de jogos ou treinamentos. Essa atitude pode evitar que os jogadores estejam expostos a:
Lesões Musculares: Decorrentes do stress físico e da falta de capacidade de recuperação metabólica ente uma partida e outra.
Síndrome do Super Treinamento: Essa síndrome causa um estado crônico de fadiga, produz queda da capacidade técnica e aumenta o risco de lesões.
Reflexos
Apesar de todos os esforços e estratégias, o modelo de calendário do futebol brasileiro favorece as lesões no transcorrer da temporada e principalmente reduz a capacidade de manter bons níveis de condicionamento físico durante todo o campeonato.
A quantidade de jogos e competições, poderão acarretar reflexos negativos a longo prazo aos atletas do futebol brasileiro.
Os clubes devem manter em seus elencos pelo menos 2 atletas do mesmo nível técnico para suprir as ausências que irão ocorrer.
“Se faz necessário um profundo estudo do calendário atual, afim de adequar as competições estaduais, nacionais e internacionais ao ciclo anual do futebol brasileiro”
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