Futebol, Ciência e Opinião
Hoje é 06/12/2009, caminho até uma certa distância do estádio Couto Pereira, livre do tumulto e confusão. Sinto uma mistura de tristeza, mágoa, incerteza até chegar em minha residência. Em casa, não sinto fome, faço o possível para tentar esquecer as barbaridades que pude observar naquela partida final no ano do centenário do Coritiba.
Imediatamente desligo a TV, já que alguns comentaristas previam o fim do Coritiba, vou até meu quarto, fecho as cortinas e deito na cama, as imagens não saem da minha cabeça, faço algumas orações e acabo adormecendo. Novamente estou dentro do estádio Couto Pereira, vejo pessoas chorando, outras extremamente violentas e incontroladas, destruindo o maior templo do futebol paranaense, um verdadeiro pesadelo.
Em questão de segundos retorno ao estádio, está tudo vazio apenas as marcas da destruição, sentado nas cadeiras inferiores da Mauá um senhor com lágrimas nos olhos, levanta a cabeça e me diz “Foi uma grande felicidade comprar esse terreno e muito difícil começar a construção, veja como isso ficou”, respondi “Major?”.
Nesse momento tudo fica branco, agora estou do lado de fora, uma grande concentração de torcedores do Coritiba, em seguida um abraço no estádio e vários apaixonados entrando com martelos e chaves de fenda, recolocando algumas cadeiras no lugar, demonstrando o quanto é o carinho e amor pelo Coritiba. Voltei a pensar em esperança.
Quando me dou por conta, estou na Vila Capanema, é jogo do Coritiba, mas não é contra o Paraná Clube, observo uma torcida do Coritiba tímida e desconfiada, sinto-me incomodado em ver o Alviverde como mandante fora do Couto Pereira, em seguida ouço um garotinho perguntar, “Quando vão liberar nosso estádio, pai?”, aquele senhor com o filho no colo responde “Parece que semana que vem voltamos para casa, será liberado pela CBF”, assim eu começo a compreender o que estava acontecendo. Em campo observo praticamente a mesma equipe do rebaixamento, inclusive o técnico Ney Franco, mas aqueles responsáveis e descomprometidos que foram decisivos ao rebaixamento, felizmente já não vestem mais nosso manto sagrado.
Como um passe de mágica ouço a torcida grita é campeão, estou no Alto da Glória, aquilo que começou com um pesadelo passa a virar um sonho, “O Coritiba está sendo campeão paranaense em 2010 em cima do maior rival ?”, grito de felicidade !
Parece tudo muito confuso, uma mistura de alegria e esperança, rapidamente sou transportado para um bonito estádio, observo novamente a torcida do Coritiba, no placar o Alviverde é mandante, o que estaria acontecendo ?. Um senhor com uma bengala, calvo vem em minha direção, reconheço imediatamente e digo, “Presidente Bayard?”, ele responde com um sorriso, novamente lhe dirijo a palavra, ”Presidente, o que está acontecendo ? Onde estamos?”, dessa vez ele responde, “Estamos jogando em Joinville, recebemos a maior punição da história do futebol brasileiro, mas não se preocupe eu já passei por isso, o Coritiba com a força de sua torcida sob o comando de um senhor chamado Vilson vai superar, seremos gigantes novamente, voltaremos maior e mais forte”.
Novamente tudo em minha volta fica branco, aos poucos observo que estou no Aeroporto Afonso Pena, a torcida do Coritiba está em grande número cantando, a euforia é geral. Após alguns minutos inicia-se um coro apaixonado, “Primeira Divisão !”. O Coritiba está de volta a elite do futebol brasileiro.
Ouço os gritos de “olé”, estou no estádio da Baixada, a equipe Alviverde começa a trocar passes, o eterno rival já não tem forças para reagir, a bola é recuada para Edson Bastos que faz um passe maravilhoso para Leonardo, o atacante dá um toque por cima do goleiro e decreta o terceiro gol. O jogo termina, a “massa Alviverde” grita BICAMPEÃO.
Meus olhos enchem de lágrimas, aos poucos vou sendo enviado para longe, começo a ver imagens rapidamente, observo o Coritiba ser tri-campeão paranaense, num passe de mágica assisto 6 gols contra o Palmeiras e vejo uma capa de jornal que dizia que somos o recordista mundial de vitórias consecutivas.
Pensei, “Isso só pode ser um sonho, não estou acordado”, mas quando me dou por conta estou novamente dentro do Estádio Couto Pereira, o placar marca Coritiba 2 X 0 São Paulo, o árbitro apita o final de jogo, a torcida aos gritos, as pessoas se abraçam.
Nesse momento alguém toca no meu ombro, olho para trás um senhor de olhos puxados, cabelos brancos, bigode, óculos arredondado com um belo sorriso diz “Rapaz, ano passado escapou mas esse ano seremos campeões nacionais novamente”, já em lágrimas respondo, “Como assim presidente? Quando disputamos o título ?”, agora já também com lágrimas nos olhos, ele diz, “Perdemos para o Vasco a final da Copa do Brasil ano passado, mas esse ano o título não escapa, após 26 anos o Coritiba vai novamente ser campeão nacional, como fomos em 85”. Apertei a mão do eterno presidente, agradeci por todos os feitos conquistados e saí caminhando pela Mauá.
Aos poucos vou despertando, acordo, olho pela janela e observo uma manhã de sol e calor.
Não sei se tudo isso foi apenas um sonho que começou na realidade, tornou-se um pesadelo e terminou com um final feliz, mas nada foi tão real em toda minha vida.
Fechei as janelas e voltei a dormir, afinal ainda tenho dois jogos para sonhar !!!
“O Coritiba somos nós, é nossa força é nossa voz!”
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