Futebol, Ciência e Opinião
A preparação física de uma equipe de futebol é algo um tanto complexo, não é uma ciência exata, existem muitas variáveis e nem sempre o organismo humano responde da maneira esperada. Existem muitas particularidades que devem ser observadas além das diferenças genéticas, que fazem com que os indivíduos apresentem respostas distintas ao exercício.
O grupo é extremamente heterogêneo, diferenças de idade, histórico de treinamento, histórico de lesões, além das particularidades relacionadas a cada posição, já que nem todos os setores do campo possuem a mesma exigência física.
Vários estudos foram publicados sobre o tema, o número de profissionais dentro da preparação física é cada dia maior, na tentativa de tornar o treinamento o mais individualizado possível, respeitando os princípios da individualidade biológica.
Como funciona a planificação
Na década de 60, foi lançado um modelo de planificação chamado “Periodização”, era extramente eficaz, durante muitas décadas o futebol utilizou esses conceitos na preparação física de atletas.
Didaticamente é simples de compreender, o atleta precisa passar por 3 etapas: treinar, competir e destreinar, assim estar pronto para novo ciclo de treinamento. Obviamente, existem conceitos mais complexos nessas etapas, entretanto de modo geral era assim que funcionava.
Nesse formato, era necessário estabelecer qual competição o atleta desejaria vencer, poderia competir em etapas anteriores, mas o objetivo era sempre chegar ao auge em determinada época.
Durante anos, o futebol tinha um calendário mais flexível, as competições tinham fases classificatórias, assim poderia se estabelecer o objetivo de estar no melhor momento próximo da fase decisiva. Assim era possível aplicar alguns conceitos da periodização.
Os dias atuais
Com o aumento do período competitivo e principalmente a necessidade de uma equipe competindo em bom nível o ano todo, os princípios da periodização se tornaram falhos. É preciso vencer de janeiro a dezembro, a equipe precisa manter a regularidade, assim criou-se outro conceito de planificação.
Atualmente, utiliza-se um princípio de curvas ondulatórias, que nada mais é que um processo de controle contínuo em relação a condição física do atleta. Treina-se o ano todo, mantendo um período competitivo permanente, assim verifica-se em qual momento o atleta necessita de treinamento de força, velocidade, resistência e principalmente, quando esse indivíduo necessita treinar menos, contribuindo para a recuperação das reservas fisiológicas e redução do stress psicológico. A vantagem desse método é a flexibilidade, o planejamento pode ser alterado a qualquer momento, dependendo das necessidades do atleta.
Essa exigência, pode acarretar um maior número de lesões e principalmente a queda de rendimento, é impossível competir em bom nível a temporada inteira. O sucesso está diretamente relacionado aos clubes que possuem um grupo em boas condições técnicas e não apenas a equipe titular, o rodízio de atletas é fundamental para evitar a queda de rendimento geral de uma equipe.
O atleta deveria, em princípio, treinar pelo menos o dobro do período que compete, algo impossível nos dias atuais, onde as exigências da televisão e patrocinadores, faz com que as equipes participem de competições quase o ano todo.
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)