Futebol, Ciência e Opinião
O Coritiba estava no fundo do poço ao final de 2009, emergencialmente desenvolveu-se um plano de ação, o clube manteve a comissão técnica, seus principais jogadores permaneceram, renegociou salários, reforços pontuais vieram, o clube voltou a primeira divisão.
Em 2011, a diretoria passou a divulgar que o clube teria um projeto, apesar de não esclarecer publicamente o período de planejamento, execução, controle e finalização. Em entrevistas, o presidente Vilson, divulgava alguns trechos do escopo, que consistia na manutenção de uma equipe competitiva, gastos com responsabilidade, pagamento de dívidas do passado e gerenciamento profissional com qualidade.
Importante ressaltar, que o conceito de “Gestão de Projetos”, é baseado na engenharia e vem sendo amplamente utilizado no mundo coorporativo. A principal obra de referência é o PMBOK( Project Management Body of Knowledge), um manual de boas e consagradas práticas de gerenciamento de projetos, editado e mantido pelo Project Management Institute.
Projeto é um processo único, com data de início e impreterivelmente um dia para encerrar.
O PMBOK, é composto por 42 processos, não vem ao caso nesse momento aprofundar nessa questão, apenas no que entendo ser mais pertinente descrever, sobre o Gerenciamento de Risco.
Risco é a probabilidade de que um fator de risco venha a assumir um valor que passa a prejudicar, total ou parcialmente as chances de sucesso de um projeto. Um fator de risco é qualquer evento que possa prejudicar total ou parcialmente, as chances de sucesso do projeto, isto é, as chances do projeto realizar o que foi proposto dentro do prazo e fluxo de caixa que foram estabelecidos. (ALENCAR E SCHMITZ, 2006).
Risco, com base no PMBOK, está dividido em: Riscos Organizacionais, Riscos de Gerência do Projeto, Riscos Técnicos, de Qualidade ou de Desempenho, e Riscos Externos.
O que a gestão de risco tem haver com o que o Coritiba vem apresentando hoje? Tudo, principalmente no que se trata de Riscos Técnicos e Qualidade.
O Coritiba terminou o ano com uma equipe competitiva e um técnico de qualidade duvidosa. Manteve o comandante, negociou alguns dos melhores jogadores e principalmente contratou atletas de qualidade duvidosa, muitos deles do rebaixado Avaí.
Essa manobra no início da temporada já seria desaconselhável se fosse aplicada uma análise de risco correta e eficiente, a probabilidade de insucesso seria muito alta. Não seria arriscado substituir atletas de boa qualidade por uma base rebaixada ? Manter no comando um técnico inexperiente e que demonstrou em duas oportunidade incompetência para nos levar a Libertadores com uma boa equipe na mão ?
Após a sofrida conquista do campeonato estadual 2012, os indicadores já demonstravam que as dificuldades seriam enormes no campeonato brasileiro, entretanto uma análise somente na conquista do regional, sem levar em consideração o nível dos adversários, mascarou a fragilidade técnica da equipe e principalmente do comando técnico.
A Copa do Brasil, competição que o Coritiba enfrentou adversários fracos, mesmo assim não marcou nenhum gol fora de casa, chegou a final vencendo apenas um adversário da primeira divisão, sendo derrotado pelo Palmeiras, que atualmente encontra-se na zona de rebaixamento.
O grande erro do Coritiba foi uma péssima análise de risco, os indicadores de desempenho estão péssimos. Já passou o momento da diretoria reconhecer seus erros, cobrar os responsáveis pelas péssimas contratações, fazer um replanejamento, substituir urgentemente o comando técnico, se Marcelo Oliveira foi um bom custo benefício no passado hoje está nos levando a prejuízos incalculáveis. O grupo do Coritiba não é tão ruim, alguns adversários estão abaixo, mas para isso é necessário atitudes, o risco de rebaixamento já bate a nossa porta desde o começo da temporada, mas ainda é tempo de reverter.
Caso o Coritiba seja rebaixado novamente em 2012, será única e exclusivamente por um erro de Gestão no Futebol e humildade para reconhecer os erros. Já estamos no final de agosto, ainda não ouvi ninguém vir a público dizer, “Talvez tenhamos errado, ainda dá para consertar”.
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