Futebol, Ciência e Opinião
No futebol, apesar de ser caracterizado como um desporto coletivo, as posições em campo tornam as exigências fisiológicas diferentes, um meio de campo percorre as maiores distâncias, os laterais fazem mais “tiros” em velocidade, os atacantes percorrem distâncias menores mas normalmente em grande velocidade, já os zagueiros são os que menos se deslocam, entretanto marcam os atletas mais rápidos da equipe adversária, o que alterou o conceito do defensor lento e muito alto, é preciso também ser veloz.
Com as exigências distintas, os atletas são submetidos a um trabalho físico especializado para determinada posição, inclusive respeitando características, um lateral apoiador possui planejamento diferente de outro marcador. Já o atacante de referência possui diferenças em relação ao atacante de velocidade.
Além da posição, são observadas as características individuais de cada atleta, respeitando seu perfil biológico. Alguns são mais velozes, outros mais resistentes, além do fator idade, que interfere no planejamento das atividades. Durante o ano, vários testes de controle são aplicados para avaliar o nível de diversas capacidades físicas, além das avaliações diárias com o objetivo de prevenir lesões por stress.
O treinamento específico é desenvolvido com todos e não só com aquele que possui um histórico de lesões repetitivas. O Coritiba possui vários profissionais de alto nível, como o Dr. Raul Osieck, fisiologista do clube, com doutorado na Universidade de Santa Maria, um dos maiores centros de produção científica do mundo. O Alviverde possui equipamentos para monitorar as distâncias percorridas em cada jogo e treinamento, além da velocidade que são executados.
Com todos esses dados, é possível planificar as sessões de treinamento com uma maior margem de segurança, reduzindo significativamente lesões ocasionadas pela fadiga e stress.
O calendário brasileiro é absurdo, os atletas são submetidos a competir em situações extremas em função do baixo tempo de recuperação, praticamente não se treina apenas se recupera o jogador para a próxima partida. Caso não houvesse todo esse “arsenal” fisiológico, o número de atletas no departamento médico seria muito maior.
Vamos citar um caso específico, o atleta Leonardo, que possui excelentes recursos técnicos e recebe por parte dos profissionais do clube toda a estrutura individualizada para atender suas necessidades, infelizmente seu histórico de lesões é grande, não porque o Coritiba(ou outros clubes que ele passou) ainda não descobriram a “receita mágica” do treino específico, mas porque suas características genéticas fazem com que ele não suporte o padrão de treinamento suficiente para que esteja em boas condições para atuar como atleta profissional jogando duas vezes por semana.
Os atletas que sofrem lesões freqüentes em virtude do stress necessitam treinar em ritmo menor, seu tempo de recuperação entre treinos e jogos é maior, precisam ser poupados em algumas partidas, o que resulta na queda no condicionamento físico, por conseqüência sua capacidade técnica pode ser menor, além de reduzir a opção do treinador.
Normalmente, atletas nessa situação não devem ser aproveitados durante os 90 minutos, sua utilização é pontual, aproveitando ao máximo sua capacidade técnica durante um período menor.
Não se discute a capacidade técnica do atleta Leonardo, o que precisa ficar claro é que sua utilização em jogos quarta e domingo como titular não é a solução, pois fatalmente ele fará uma lesão por stress, seu histórico comprova isso estatisticamente. É uma excelente opção ao treinador Alviverde, entretanto é necessária a contratação de outro nome com capacidade de suportar o ritmo do calendário brasileiro.
Existem testes investigativos na tentativa de amenizar essa síndrome, mas é tema para outra coluna.
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