Futebol, Ciência e Opinião
Após a terceira oportunidade consecutiva de conquistar uma vaga para a Taça Libertadores, mesmo com o sentimento ferido é momento para algumas reflexões.
Conseguimos manter um bom elenco em 2010, algumas peças saíram outras chegaram, com uma equipe competitiva, entrosada e focada sob o comando de Ney Franco, vencemos com facilidade o estadual , voltamos a elite com algumas rodadas de antecipação e fomos campeões antes da partida final da competição.
A grande virtude em 2011, foi a manutenção do elenco e contratações pontuais. O técnico Marcelo Oliveira recebeu uma equipe unida, bem entrosada que vinha jogando junto a muito tempo, o estadual foi conquistado novamente com muita facilidade.
Começamos bem a temporada, recorde de vitórias, mas após as invenções na final da Copa do Brasil, ficamos abatidos, perdemos fôlego no campeonato nacional, vencendo bem as partidas em casa com um péssimo desempenho como visitante. Apesar da campanha irregular, chegamos a última rodada dependendo de uma vitória contra o já rebaixado rival. Sem motivação e demonstrando o mesmo futebol nas partidas fora de casa, fomos derrotados e deixamos escapar pela segunda vez a chance de disputar o principal torneiro da América.
No ano de 2012, enfraquecemos consideravelmente o elenco, o atacante Bil foi devolvido(com a justificativa das noitadas), mesmo com 28 gols marcados na temporada anterior, Marcos Aurélio, Jéci, Leandro Donizete e Léo Gago, foram negociados em janeiro, o meia Davi e o atacante Leonardo também deixaram a equipe no início da temporada. O Coritiba perdeu sua base, sua espinha dorsal, seu entrosamento. Os principais jogadores de ataque deixaram o clube, a melhor dupla de volantes do futebol brasileiro fortaleceu adversários diretos e hoje são titulares absolutos das posições.
Restou ir ao mercado repor as peças, chegaram jogadores de qualidade duvidosa como Renan Oliveira, Emerson, Gil, Lincoln, Júnior Urso, Sérgio Manoel, França, Robinho e outros que nem ao menos no banco são relacionados, alguns já foram dispensados e negociados antes mesmo do final do semestre. Um grupo recheado de atletas do rebaixado Avaí e outros que ainda estavam buscando algum espaço no futebol brasileiro.
Permaneceram alguns como Anderson Aquino, Everton Costa, Jonas, Geraldo, mas sem os principais atletas do elenco a fragilidade técnica passou a ser evidente. Algumas peças importantes ficaram como Emerson, Pereira(pela liderança), Tcheco, Rafinha e a grata surpresa Everton Ribeiro, mas foi muito pouco.
A base não foi valorizada, a boa equipe campeão da taça BH em 2010, não teve nenhum atleta aproveitado como titular, com exceção de Luccas Claro, que após a convocação para seleção brasileira foi “premiado” com esquecimento.
Nenhum jogador contratado para a temporada 2012 seria titular no excelente grupo de 2011.
No campeonato estadual, como único representante da primeira divisão do futebol brasileiro, perdemos o primeiro turno, tivemos grande dificuldade em vencer o segundo, e fomos campeões nos pênaltis, contra um dos piores times do Atlético de todos os tempos.
Com o enfraquecimento do elenco, a fragilidade tática do técnico Marcelo Oliveira passou a ficar cada dia mais evidente, uma equipe com sérios problemas de padrão defensivo, um sistema tático sem variações. Durante a Copa do Brasil, uma tabela fácil, enfrentando um clube de primeira divisão apenas na semi-final, encobertou o trabalho irregular. Paralelamente no Campeonato Brasileiro, já não demonstramos a mesma força dentro do Couto Pereira.
A semi-final da Copa do Brasil, contra um adversário em crise, a equipe fez uma boa partida em São Paulo e conquistou sua vaga no Couto Pereira, com a melhor apresentação do ano, sem dúvida alguma.
Na final, não marcamos gols na Arena Barueri contra um fraco Palmeiras em função da absoluta incapacidade técnica do elenco e pela falta de uma padrão tático eficiente após a superioridade numérica, com a expulsão de um atleta adversário. Permanecemos 22 minutos com um atleta a mais em campo, não demos um único chute em gol e não criamos nenhuma oportunidade. Ao final da partida ainda insistimos e transferir a culpa para a equipe de arbitragem, que não está isenta em função de seus erros, mas não pode ser responsabilizada por completo pelo mal resultado.
Na partida de volta, a teimosia de Jonas na lateral direita, contra um adversário que jogava com duas linhas de 4. Durante toda a partida, insistimos em jogadas centralizadas, com exceção de Rafinha, que atuando pela direita causou muita dor de cabeça para a defesa palmeirense.
A literatura sobre conceitos táticos, descreve o sistema adotado pelo Palmeiras como eficiente, entretanto ressalta a dificuldade nas dobras de marcação pelas alas, destacando que a melhor maneira de atuar contra esse sistema é jogar pelos lados do campo. O Coritiba passou 45 minutos com dois laterais extremamente marcadores, seus meias e volantes insistindo em jogadas pelo centro, os atacantes centralizados e quando recebiam a bola longe da área também insistam em atuar pelo centro do campo. Com 30 minutos do segundo tempo, o Palmeiras havia desarmado mais de 50 vezes a equipe Alviverde, contra apenas 9.
Os números, mais uma vez, demonstram a extrema dificuldade do técnico Marcelo Oliveira em fazer uma leitura correta do jogo, a falta de uma variação tática ofensiva, as substituições obvias, como a troca de atletas por outros da mesma posição, mais uma vez não causou efeito. Chegamos ao gol apenas em uma bela cobrança de Ayrton.
Admiro a honestidade e profissionalismo do técnico Marcelo Oliveira, que tem suas virtudes como profissional e principalmente como ser humano, mas acredito que seu ciclo como treinador do Coritiba se encerrou, é necessário dar vida nova, conceitos novos de treinamento técnico e tático. É preciso de um nome vencedor !!
Resta o Campeonato Brasileiro, é preciso urgentemente contratar peças pontuais ao elenco, como dois atacantes, um meia de ligação, um lateral esquerdo e mais um zagueiro de qualidade para atuar ao lado de Emerson.
Com o elenco atual, corremos sérios riscos na competição e um possível risco de rebaixamento, coloca abaixo todo o projeto de reformulação do clube.
É melhor gastar agora, fortalecer o elenco do que arriscar a sorte no campeonato brasileiro, um clube onde o artilheiro é um zagueiro precisa repensar imediatamente seus conceitos sobre o ataque.
Força Coritiba, é hora de levantar a cabeça e continuar trabalhando, somente com dedicação e honestidade se constrói um clube forte e competitivo.
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