Futebol, Ciência e Opinião
Analisando todos os jogos do Coritiba, amadureci totalmente a idéia em relação ao sistema que sendo adotado. Uma formação tática parecida com o que vimos em 2011, que conseguiu em alguns momentos um excelente equilíbrio ofensivo e defensivo, encantando o país no primeiro semestre. Uma formação com uma linha de 4 forte defensivamente, dois volantes marcadores e com excelente participação ofensiva, dois meias velozes com qualidade que também auxiliavam na marcação, um ataque eficiente ofensivamente que sem a posse de bola marcava pressão a saída do adversário.
Importante ressaltar, que esse sistema tem origem na Inglaterra, publicado em 1973 no livro “Inverting the Piramyd”, do inglês Jonathan Wilson, conhecido com as duas linhas de 4. Historicamente era pouco utilizado no Brasil, entretanto nas últimas temporadas vem sendo visto com certeza freqüência em competições pelo país. Algumas equipes desenvolveram uma variação, com um dos atacantes voltando para formar uma linha de 5 no meio de campo, deixando o outro na referência isolado na frente.
Apesar do sistema normalmente ser eficiente, a literatura sobre o assunto descreve que é fundamental que os volantes sejam de boa qualidade, participem ativamente da partida tanto ofensiva quanto defensivamente, caso contrário o sistema tende a fracassar e ser facilmente anulado tornando-se frágil.
Isso vem de encontro ao que estamos observando, em 2011 a equipe possuía volantes de ótima qualidade técnica, que defendiam com muita eficiência e passavam a ser fundamentais nas ações ofensivas da equipe, seja pela ótima transição entre defesa e ataque com Donizete, seja atacando literalmente, normalmente com Léo Gago.
Na equipe de 2012, os volantes não possuem a mesma qualidade técnica, possuem baixa participação no ataque, restando apenas Rafinha(quando está em condições de atuar), a função de comandar o meio de campo, já que Robinho e Lincoln não parecem ser a solução.
Na opinião desse colunista, o principal problema do Coritiba 2012(não o único), está justamente nos volantes, que erram em demasia na transição da defesa com o ataque, aventuram-se em momentos desnecessários expondo o meio da defesa, tornado-a extremamente vulnerável mesmo com uma linha de 4, vindo de encontro no que está descrito na literatura, a falta de volantes com qualidade enfraquece a defesa nesse sistema.
Além disso, é inegável que individualmente a equipe está enfraquecida em relação a 2011 em todas as posições, os atletas que vieram em substituição demonstram qualidade técnica inferior, com exceção ao lateral direito Ayrton, uma grata surpresa.
Com o mercado inflacionado, dificilmente o Coritiba conseguirá recuperar a qualidade nessas posições durante a temporada, acredito que seja momento de rever a concepção tática, variar o sistema, buscar opções alternativas como talvez uma linha de 3 zagueiros com laterais mais ofensivos, quem sabe apenas 1 volante com a intenção de valorizar a posse de bola mantendo a linha de 4, até mesmo um revolucionário 3x6x1, adotado por Kenny Dalglish no Liverpool.
O que não podemos aceitar é que a única variação seja aumentar a quantidade de volantes na equipe.
Em relação ao treinador Marcelo Oliveira, é preciso inovar, buscar novas opções táticas, construir um sistema com as características dos atletas no elenco e não adaptar os jogadores ao sistema que ele entenda seja o melhor.
O Coritiba precisa respeitar menos seus adversários, como fez no passado, atuar com uma marcação mais adiantada, demonstrar principalmente nos jogos dentro do Alto da Glória quem é o mandante.
Em relação a diretoria, é preciso atitude, buscar no mercado alguns atletas que estejam a disposição e se necessário substituir o comando técnico.
O que não aceito é colocar a culpa na arbitragem, no orçamento dos adversários, pois esse desequilíbrio é histórico, ou será que todo mundo esqueceu que sempre foi assim ?
O projeto é excelente, desde o final de 2009, o cronograma segue, os objetivos devem permanecer os mesmos, mas as pessoas podem mudar, não existe problema algum nisso.
É preciso avaliar os riscos, para isso podemos utilizar como referência um framework consagrado em se tratando de gerenciamento de projetos, "evento ou condição incerta que, se ocorrer, terá um efeito positivo ou negativo sobre pelo menos um objetivo do projeto, como tempo, custo, âmbito ou qualidade" – PMI, PMBOK Guide 2004, pag. 238;
O indíce de produtividade do Coritiba está no vermelho, já passou a hora de reavaliar. O custo de uma mudança é várias vezes maior do que uma boa avaliação dos riscos.
O risco de uma queda para a segunda divisão é alto, em virtude do desempenho atual, já passou o momento de adotar um de plano de ação eficiente.
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