Futebol: Razão x Emoção
Sempre em suas palestras e discursos Vilson Ribeiro de Andrade disse e diz que nossas conquistas e nosso projeto de equilíbrio técnico e financeiro teriam como ápice o ano de 2015.
Então por que batemos tanto nossa cabeça esperando algo de bom antes disso?
Ao contrário do povo da rebaixada que foram iludidos com promessas de se tornarem o Barcelona das araucárias, nenhum dos nossos dirigentes prometeu grande seqüência de vitórias, tri-paranaense, muito menos finais consecutivas de campeonatos nacionais.
Então por que tantos reclames?
Porque nós torcedores sabemos que já perdemos 2 bondes, e estamos vendo mais um bonde da história passar!
Tudo bem que em 2015 pode ser que estejamos disputando libertadores, ou mesmo sendo até campeões brasileiros, num devaneio meu com claro excesso de confiança. Mas o fato é que todos os times grandes terão novos estádios, Corinthians, Grêmio, Palmeiras, Inter, e até os menores como os poodles, enquanto nós ainda teremos aparentemente que suportar as cadeiras gotejadas da Mauá.
Como querem mais sócios se nem os que já tem são recebidos confortavelmente?
Hoje a coluna é muito mais para tentar entender do que explicar o que está ocorrendo, pois o escriba é farto dos extremos: farto do discurso polido que se conforma com a nova fase do Coxa e muito mais ainda do discurso apocalíptico no qual tudo o que temos não presta.
Parece até que o Coxa virou o Brasil: o time do futuro! Onde todos reclamam e ninguém assume suas responsabilidades.
E o novo atacante quando vem? Em breve. E o novo estádio quando sai? Quem sabe em breve. E quando atingiremos 50 mil sócios? Quem sabe depois do novo estádio ou de um novo atacante que preste...
Time e torcida num infindável empurra-empurra.
Temos que ter em mente que o Coxa, está destinado a ser um time como o Everton na Inglaterra, La Coruña na Espanha, Napoli na Itália, e olhe lá. O futebol moderno é e será ainda mais mortal e capitalista. E nós, aparentemente, não temos torcedores sócios dispostos a nos tornar mais que isso.
Enquanto a torcida não parar de reclamar, perceber que precisa se associar e contribuir de verdade, a faixa intermediária da tabela da série A será nosso destino maior. Sempre estaremos beliscando a sulamericana e sonhando com a libertadores. Nem isso, aliás, se continuarmos desperdiçando títulos fáceis como contra o Palmeiras na Copa do Brasil.
Um dirigente solitário e abnegado não faz verão.
Outra cousa, chega de pôr a culpa na arbitragem. Se querem reclamar então que façam oficialmente junto a CBF. Ou melhor, nos coloquemos nos nossos devidos lugares e assumamos nossa postura como um tradicional clube com extremas limitações territoriais, fiscais, físicas e sociais, e que esbarramos na nossa própria incompetência.
A maior prova disso é que se tivéssemos feito os gols perdidos no inicio do jogo de ida da Copa do Brasil não teria juiz nem CBF que nos tirasse a glória do título.
Se nem no nosso Estado temos a maior torcida, como queremos ser respeitados e considerados grandes no território nacional ou sulamericano?
São verdades que precisam ser ditas.
Querem aumentar o quadro associativo? Ao menos tapem as goteiras da Mauá, que judiam e molham os abnegados torcedores que se sentam nestes bancos totalmente desconfortáveis, com os joelhos em seus queixos. Querem mais e melhores jogadores? Ao menos se associem, torcedores de pijama! E nos transformem num clube com pelo menos 50 mil sócios. É o mínimo que nossa torcida poderia fazer para ajudar a administração do clube. É o número mínimo que precisaríamos para ter um time, se não grandioso, decente.
Estamos num processo de desunião sem porquê. Sem qualquer motivo, virando um clube que joga de um lado para o outro a responsabilidade de se fazer grande. Um clube cujo primeiro vice-presidente já abandonou o barco, como se consciente da possível desgraça ou fracasso por vir.
Não podemos deixar isto acontecer. Até quando este jogo de empurra vai durar?
Cada vitória significa uma redenção e um sonho de grandeza infinito. E a cada derrota, vem o choque de realidade, seguido de previsões apocalípticas abrandadas por noticias de um novo estádio para dar mais pão aos circenses alviverdes.
Calma. A frase mais dita no momento é ainda a mais válida: nem tanto ao céu nem tanto a terra.
Somos medianos. Tradicionais, inegavelmente, vitoriosos, indiscutivelmente, mas medianos. Não queiramos disputar financeiramente com Corinthians, Flamengo e Inter. Temos é de fazer o dever de casa, sendo um competente e saudável clube mediano com chances de alçar vôos maiores. Mas para isso ocorrer, precisamos de mais sócios e de um novo estádio.
Sem isso, continuaremos a acumular e acumular os já insossos títulos paranaenses, e, no cenário nacional, à mercê de incríveis e espaçadas eventualidades.
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