Futebol: Razão x Emoção
Aproveitando a recente e sensível calmaria administrativo-futebolística coxa branca, falarei do futebol como um todo.
O maior e melhor legado da Copa do Mundo foi o 7x1, que, para o futebol, representa o fim definitivo do império brasileiro. Como quase sempre, foi preciso que alguém de fora, no caso os alemães, viesse e cutucasse a ferida mal cheirosa que se tornou o nosso futebol. Ficou patente que o jeito brasileiro de jogar futebol acabou. E não à toa, porque nenhum time do futebol brasileiro hoje tem o seu estilo próprio de jogar. Todos os times são treinados por todos os treinadores, por pouco tempo, de maneira malfeita e sob intensa pressão de apenas vencer o próximo jogo.
Exemplo: O Coxa pega o pior e o precário de Marquinhos e Ney, enfrenta o Vasco que teve o pior de Doriva, Celso Roth e Jorginho; ganha do Flamengo de Luxa, Cristovam Borges e agora Oswaldo Oliveira, que até ontem treinava o Palmeiras, foi substituído pelo Marcelo Oliveira e que hoje foi apresentado pelo Fla, enfim...
Todos são treinados por todos. Todos os treinadores treinam os clubes brasileiros e todos com a mesma a fórmula de trabalho: “chegar para resolver os problemas do trabalho anterior, e, se der, impor minha filosofia. Chegamos então ao segundo grave problema: a “filosofia do “boleiro”.
Se nossos treinadores fossem bons, ainda seria possível acreditar, ingenuamente, que essa dança das cadeiras desse certo, mas não são. Para confirmar o que vemos rodada após rodada, NENHUM TREINADOR BRASILEIRO ESTÁ na lista dos 50 melhores treinadores do mundo. Veja aqui - http://espn.uol.com.br/noticia/527165_lista-dos-50-melhores-tecnicos-do-mundo-tem-ate-congoles-mas-nenhum-brasileiro
E o terceiro problema, talvez ainda pior é que, ok, nossos treinadores não são nada cultos, nada educados e muitas vezes ignorantes até sobre futebol, fato. Mas, mesmo se fossem, não teriam como se comunicar com os boleiros que só entendem o “vamo que vamo”, que só respondem a gritos simples e curtos como “passa”, “vira” e “diminui”, e que tem aversão a palestras e a discussão de ideias. Essa ignorância do futebol é como a ignorância em geral, não se resolve dentro do mercado de trabalho, ou seja, no time titular, mas nos primeiros anos de estudo; na base.
Como reflexo deste legado hoje, se não resolvemos tudo como queríamos e ainda temos Dunga, um ignorante como pessoa e como treinador, no comando da seleção, ao menos estamos coçando a ferida e limpando-a com a CPI do Futebol, A MP do Futebol, o Bom senso, e um movimento ainda tímido de dirigentes brigando com federações e lutando por melhores condições de trabalho para seus clubes.
Nós não temos mais nada a perder, até porque já perdemos tudo: a copa, títulos, inclusive o de país do futebol, o melhor estilo de jogo, o respeito e a dignidade dentro e fora de campo. Cada vez mais o micro cosmo futebol se equivale ao desequilíbrio desgastante da sociedade brasileira. Ao invés do talento do futebol contaminar a sociedade, houve o contrário, a corrupção, o despreparo, e o amadorismo venceram o futebol. Apesar disso tudo, o que jamais devemos perderé a força para lutar e a vontade de mudar. Pra tudo dá-se um jeito. Jeito; não jeitinho.
ps. Você pode dizer: " ah mas a seleção só tem cara que joga fora do Brasil." Verdade que aponta outro problema. Esse cara lá fora respeita a autoridade, e é tratado como mais um, por isso joga bem. Mas, na seleção, é o Deus indispensável, mesmo com Caxumba. E, quando voltam para jogar nossos campeonatos, é só para encerrar suas carreiras e fazer mais um troquinho. Não ajudando nem seus clubes, nem o crescimento do nosso futebol.
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