Futebol: Razão x Emoção
A corrida eleitoral é realmente tragicômica.
Cômica no que tange aos candidatos aventureiros ao cargo de vereador, com seus nomes engraçados, musiquinhas e rimas nada criativas, que não apresentam sequer um mínimo de talento oratório, e de conhecimentos gerais, indispensáveis para o desempenho de tão importante função. Sem mencionar a falta total de projetos exeqüíveis quase sempre substituídos por populistas promessas tão amplas quanto vazias.
Trágica porque nos leva às vezes a ter de escolher, principalmente nos cargos de eleição majoritária, entre o ruim e o menos pior.
Outro fator que merece destaque negativo nesta eleição é a ausência de discussões sobre a Copa do Mundo e seu legado nos horários políticos. Como tento assistir a todos, assim como aos debates, me impressiona a lacuna sobre esta questão de vultosa importância para os próximos quatro anos.
Enquanto os candidatos se resumem a fazer as mesmas velhas e vagas promessas, (creches, segurança, saúde, etc.), prometendo inclusive coisas que não são de alçada municipal, mas sim estadual e federal, nada ou muito pouco se fala de concreto acerca do maior evento que a cidade irá receber, tanto menos sobre como está sendo financiado e qual será o seu legado.
O candidato da situação não explica a questão do potencial construtivo, das desapropriações, do aporte de dinheiro público em bem privado, assim como não é questionado pelos seus concorrentes sobre esta questão, como se tal assunto fosse proibido. Uma ferida aberta na qual ninguém quer pôr o dedo.
Além disto, existem muitos candidatos a vereador querendo embarcar na rabeira do “metrô” da copa do mundo, utilizando as cores de seu time de preferência para angariar votos. Ricardo Pinto, Paulo Rink, Julião Sobota, Papagaio, Aladim, Luizão, dentre outros que posso ter esquecido.
Outro candidato, Helio Cury, utiliza-se dos seus anos à frente da Federação Paranaense de Futebol, e dos contatos que lá fez, como alavanca de apoios e votos.
É imperioso que analisemos os candidatos muito além do futebol, das cores que ostentam, ou das instituições das quais já fizeram parte.
Pouco importa o time que o candidato torce, se ele for um falcatrua, ou um incompetente de primeira.
Não estou fazendo prejulgamento da postura ou do caráter dos candidatos acima citados, de jeito nenhum. Apenas afirmo que eleição nada tem a ver com futebol, e vejo esta invasão de candidatos de times e de torcidas, com tão maus olhos como vejo candidatos que tentam se eleger por conta da fé que professam, ou da igreja que fazem parte, contando com os votos de seus cegos fiéis.
O voto é algo muito importante para se basear apenas em cores ou bandeiras futebolísticas. Deve ser embasado em várias informações que o eleitor tem o dever de obter sobre seu candidato; como suas propostas, sua origem, seus trabalhos prévios, sua história e suas metas futuras para a cidade de Curitiba.
Não escolha, caro leitor, o candidato do seu time se não tiver certeza que ele também é o candidato mais apropriado a cuidar do bem estar da cidade de Curitiba. Até porque, o vereador eleito não o é para ajudar esta ou aquela determinada privada entidade esportiva, mas sim para defender, fiscalizar e gerir com integridade e probidade a coisa pública.
Ao contrário do futebol, que é peneirado pelo filtro da emoção, o voto deve ser fruto único da razão. Afinal, é o futuro da cidade que será entregue aos eleitos.
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