Futebol: Razão x Emoção
Saiu no blog Bola no Corpo do Jornalista Leonardo Mendes Jr, “Coxa abole a concentração. O futebol ganha com isso”.
Para muitos pode parecer um absurdo deixar os jogadores livres um dia antes da partida. E é normal que muitos pensem assim, porque estão acostumados com o ranço que contamina o nosso futebol, mais rançoso que contra filé em fim de churrasco. Há o ranço do amadorismo na administração dos clubes. O ranço do “cai-cai” eterno dos jogadores. O ranço do privilégio da televisão a este ou aquele clube. O ranço da arbitragem caseira, do excesso de faltas, da falta de critério e do favorecimento da “camisa mais pesada”. O ranço das dívidas inadimplidas e da ausência de responsabilidade fiscal dos clubes. O ranço da falta de torcedores nos estádios. O ranço da falta de ética e de seriedade sem as quais a CBF conduz o nosso futebol, que, dando mais um péssimo exemplo, estava de recesso durante o carnaval, enquanto os seus campeonatos, dos quais deveria cuidar, estavam em pleno vapor. E, enfim, o ranço da concentração.
Há muito tempo abolida na Europa a concentração é daquelas medidas totalmente inócuas e que nivela por baixo os jogadores. Chama-os automaticamente de irresponsáveis, de moleques incapazes de cuidar de si mesmos, e de não zelarem por sua profissão. Chama-os de incompetentes e desidiosos com sua saúde. Trata-os como crianças mimadas, ou como cristais que podem quebrar a qualquer momento.
Jogador de futebol é uma profissão como outra qualquer, nada mais justo que o jogador possa deitar em sua cama, em sua casa, ao lado daqueles que ama, e no dia seguinte acordar disposto para fazer o que gosta.
Se de outro lado, algum jogador não souber lidar com essa liberdade, deve ele ser punido, afastado, multado em seu salário ou até mesmo demitido. Não é punindo a todos com um procedimento arcaico que você vai educar aquele libertino.
No Coritiba de hoje, conforme diz a matéria acima mencionada, recheado de jogadores com grandes e bem sucedidas passagens pela Europa, a medida tem tudo para dar certo. E aqueles que não estão acostumados com isso, que aprendam com os mais experientes.
Concentração é igual a proibição da venda de cerveja, por conta de marginais que já chegam bêbados ao estádio, o cidadão de bem não pode tomar sua geladinha vendo o futebol pelo qual paga caro, caríssimo, seja no ingresso avulso, ou no talão de sócio.
Aliás, convenhamos, concentração hoje em dia, de fato, não existe, pois, com as redes sociais, a internet e tantas outras facilidades tecnológicas alcançáveis através de um simples aparelho celular, os jogadores não ficam excluídos das notícias, dos acontecimentos, sendo impossível controlá-los e mantê-los apenas dentro da realidade de seu próximo jogo, como outrora ocorria.
Fico feliz, portanto, com a medida adotada pela diretoria do Coritiba, espero que dê certo, pois, o amadurecimento do clube passa pelo amadurecimento de seus diretores, seus torcedores e também de seus jogadores. Até mesmo porque, se concentração ganhasse jogo, o time da penitenciária era campeão todo ano.
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