Futebol: Razão x Emoção
De breves “férias” do Coritiba, podemos nos ater aos detalhes da Copa das Confederações e suas adjacências.
Enquanto a Espanha vence o Uruguai com o pé nas costas, com o futebol que de tão simples, prático e eficiente chega a ser chato, o Brasil vive um caldeirão de emoções e uma ebulição popular vista antes somente na passeata dos 100 mil contra a ditadura, nos movimentos das Diretas Já, e, obviamente, no Fora Collor.
Mais de 250 mil pessoas, em diversas cidades brasileiras, 10 mil só em Curitiba, foram às ruas protestar contra o aumento da passagem de ônibus entre outros motivos. Muitos devem estar pensando: por que justo agora na Copa, por que só contra a passagem de ônibus? A primeira pergunta se responde sozinha. Ora, se há tanto dinheiro para estádios, porque não para subsídios e corte de impostos e taxas sobre o transporte público? A segunda já se respondeu também, os R$0,20 centavos de aumento da passagem, conforme cartazes ostentados pelos manifestantes é a gota d’água, a última chibatada no lombo judiado do povo pelos chicotes da exclusão, corrupção, prevaricação e desvios de prioridades.
Ah, mas que imagem o Brasil passará para o mundo? Passaremos a melhor imagem que uma democracia pode passar, a imagem de estudantes e profissionais manifestando, em 90% dos casos, pacificamente. A imagem de um povo que não é massa de manobra, que não se contenta com o pão e o circo que lhes dá a Copa. A imagem, enfim, de um povo com alma, com brio, com honra, que luta pelos seus direitos e que não é composto apenas por mulheres bonitas e seminuas dançando samba e funk.
Dentro dos estádios a imagem passada para fora de nossas fronteiras tem sido também a melhor possível. Povo comportado, contido, até porque, quem pode pagar os preços praticados pela FIFA, sem qualquer preconceito ou hipocrisia, tende a ser mais educado, mais instruído e, portanto, menos afeito à violência e a balburdia.
Ou alguém acha que existe nas plateias dos Jogos, caminhoneiros, cobradores de ônibus, domésticas, metalúrgicos, estudantes de escolas públicas?
Por não ter dinheiro para ver os jogos, a única saída da imensa maioria dos trabalhadores e estudantes menos abastados é seguir a mídia e a propaganda: “vem pra rua porque a rua é a maior arquibancada do Brasil”.
Missão Cumprida.
MAPA DOS PROTESTOS
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