Futebol: Razão x Emoção
Não será com a comida que Alex terá problemas para se adaptar. Não será também com o clima, muito menos com a língua. Talvez com as sessões de treinamento em dois turnos demore um pouco mais para se afeiçoar, mas este também não lhe será um grande problema.
Jogar um campeonato um tanto quanto sem graça e desprestigiado pelos seus próprios contendores, talvez dificulte a volta de Alex aos gramados tupiniquins, mas, nem tanto, se acostuma.
A falta de público no estádio, jogar para uma média de 12 mil para quem estava acostumado a um estádio lotado sempre, talvez seja um pouco desanimador, mas com isto também se acostumará o craque.
O pior problema de adaptação que Alex terá será a “cornetagem".
Se em turco estava acostumado a ouvir apenas elogios e cantos de ovação, pode se preparar Alex, que em português a coisa é diferente.
Aqui a gente ama a vitória, não o futebol, e sai de casa ou do trabalho estressado, louco pra botar pra fora e cuspir toda nossa ira reprimida em forma de palavrões em cima de vocês jogadores que ganham milhões para "se divertir.”
É o que fazemos de melhor: xingar. É o que temos de menos: paciência. Malditos sejam vocês que fazem o que gostam!
Já no jogo de estréia pôde ver Alex como tratamos nossos atletas: quando Lincoln não viu que William lhe deu aquele passe, meu Deus, pobre Lincoln... substituído e execrado.
Com o próprio Alex o cidadão que estava do meu lado ali na Mauá já se irritou. Quando o meia deu o segundo carrinho ele bradou “Vc ta louco filho da ... tá querendo se machucar já?”
Vai entender...Este mesmo cidadão acabou indo pra casa bem antes do fim do jogo, irritado com o gol do Colón. Não viu as bolas na trave de Alex, o gol olímpico anulado, muito menos o gol do Deivid. Bem feito!
É por isso que mais do que grandes passes, golaços de falta e toques refinados na meia cancha, espero que a tranqüilidade e a cordialidade com que Alex trata a bola contagie também a platéia, que nem com os preços salgadíssimos dos ingressos tornou-se mais fidalga. Prova cabal de que educação não se compra em qualquer padaria, não vem do bolso, mas do berço.
Pois na mesma medida que nossa paciência se esgotar com Alex, a paciência dele também pode se esgotar conosco.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)