Futebol: Razão x Emoção
Muitos Jogadores vem e vão sem sequer jogar uma partida pelo time principal. Desprestigiados. Muitos vêm com o aval de “olheiros” de vídeos, muito bem editados por seus empresários, porém em campo, não fazem jus às cifras que lhes foram pagas. Desperdício.
Outros tantos vêm, jogam, mas, pelas más atuações, ou pela falta de identidade e respeito com a camisa e com o clube, são logo deslocados da memória do torcedor: o apaixonado espectador pagante.
E não é fácil mesmo conquistar esse cara. Fiel, ele sempre está lá: apoiando, sempre aplaudindo, confiante. Mais do que técnica, que também muito lhe agrada; mais do que inteligência, o que ele também considera fundamental; ele quer raça de seus jogadores, amor à camisa.
Além de exigente, andava (anda) desacreditado o pobre torcedor Coxa-branca. Não imaginava ele, que no lugar que já foi de Capitão Hidalgo, Marildo, Hélcio, ainda mais no mundo futebolístico das estrelas relâmpago, dominado pelos interesses e pelo desapego às origens, tomado pela velocidade das negociações, pudesse surgir um novo ídolo: um volante que mudasse essa direção.
Pra quem não sabe, o volante deve resguardar a defesa, compor a meia cancha, fazer às vezes do lateral quando este sobe, e ainda sair ao ataque com toque de bola e qualidade. Ah, sim, claro, além de dever ser um eterno ladrão de bolas.
Campeão Paranaense (2008), Campeão Paranaense (2010), Campeão Brasileiro série B (2010), Campeão Paranaense (2011), Vice Campeão da Copa do Brasil de 2011, titular absoluto e incontestável durante o tempo em que aqui esteve e último grande dono da meia cancha Coxa, Leandro Donizete fez isso e muito mais: conquistou um lugar no coração deste exigente e sábio torcedor coxa branca.
Agora, com a cabeça erguida e o sentimento de dever cumprido, sai para expor seu vistoso, guerreiro e competente futebol pelos gramados de Minas Gerais. Sai como entrou: pela porta da frente. Sai melhor: com títulos na bagagem, com bandeiras tremulando em sua homenagem, com sorrisos de parabéns e apertos de mão de obrigado. Sai, mas fica. Na memória.
Este texto eu escrevi no dia 15 de dezembro de 2011 para o espaço “fala coxanautas”. Naquele momento não imaginava que sua falta seria mais sentida no decorrer da próxima temporada do que no próprio momento de sua partida.
Vendo o futebol que ele está jogando no CAM, e a mixórdia que joga nossa “volância”, esta me pareceu melhor hora para exaltar um “polivolante” como Donizete.
Um cara inteligente, raçudo. Que alimenta os meias, marca e dá tranqüilidade às subidas da lateral que deve resguardar.
Um volante moderno, que nós, dentre tantos contratados, hoje não temos nenhum.
E nesta linha de raciocínio chego à conclusão de que o maior erro do Coxa não foi e não é a manutenção do treinador, que de fato as vezes peca pelo excesso de zelo, mas sim as inócuas peças de reposição que lhe foram dadas.
Não afirmo categoricamente que demiti-lo faria mal ao Coxa, mas, mandá-lo embora agora, bem não faria. Seria contratar um novo chefe para uma combalida e deficitária equipe.
Não caiamos nessa tentação que, infelizmente, é a tônica do futebol brasileiro.
E mais, se optarmos por demiti-lo devemos saber de antemão quem pôr em seu lugar, é assim que se faz em toda empresa de garbo.
E se a demissão de fato ocorresse, pensemos:
Que treinador faria de Jr. Urso, Gil e França craques de bola?
Que treinador faria de Leonardo, E. Costa e Roberto exímios matadores?
Crucificar um homem é muito mais fácil que visualizar e tentar aprumar erros de todo um projeto.
E é por não cair nesta tentação covarde que admiro nossa presidência.
Quando não demite Marcelo Oliveira, Vilson Ribeiro não o prestigia, pelo contrário, o trata como mais um funcionário, isentando-o da culpa total e a dividindo com todos os seus demais administrados. Desde o experiente Lincoln, passando pelo Ximenes, e chegando até ele mesmo.
E é este Coritiba, sabedor de suas responsabilidades que precisamos aprender a amar e respeitar.
Quando assumiu, Vilson Ribeiro teve de pagar, salvo engano, 5 multas contratuais e salários de técnicos anteriores demitidos. É este tipo de dívida que não podemos mais admitir fazer. Talvez seja esta meta austera, o que nós torcedores apaixonados estamos chamando de soberba e intransigência. Injusta e exageradamente.
O Coxa não é mais como o Flamengo. E nunca mais deve voltar a ser, por pior que a situação se nos apresente.
E é por isso que o respeito e o amo ainda mais, mesmo nas derrotas, pois, sou sócio de uma instituição séria.
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