Futebol: Razão x Emoção
E são vários os culpados. A torcida (eu,você, nós)que não comprou a ideia do planejamento a longo prazo e, não suportou os dois vices da Copa do Brasil, obrigando a diretoria a demitir Marcelo Oliveira.
Obrigou também a diretoria a se desfazer de atletas dos quais hoje sentem saudade, tais como Léo Gago e Davi.
Os jogadores atuais, também tem culpa. Mas não tanto. Eles se esforçam, mas não tem técnica pra jogar no Coxa que queremos. Simplesmente não servem, seja pela idade ou pela deficiência técnica.
A diretoria também tem culpa, pois, cedeu às pressões e mandou embora muita gente boa, sendo incompetente na reposição.
A ideia de mudança e novos rumos foi posta água abaixo quando trouxeram Alex e Roth. O medalhão indubitavelmente talentoso e o treinador capaz de unir e agregar as peças, o que, teoricamente não conseguiram Tcheco, Marquinhos e Dado Cavalcanti.
Não deu certo. Um medalhão talentoso não basta para vencer. A seleção brasileira que o diga. A filosofia de 2010 estava certa. Treinadores baratos, jogadores baratos, todos em busca de projeção. Era preciso aguentar mais um pouco as atribulações da torcida e as críticas da imprensa para seguir o plano. Mas tudo foi largado, e o Coxa voltou à fórmula de muitos times fracassados do Brasil. Salários caros, estádios desconfortáveis, e futebol pífio.
Mandaram embora todo o departamento médico, e escancararam tal medida como se fosse sinal de masculinidade. Ora, tais mudanças se fazem sorrateiramente, sem alarde, agora convivemos com troca de farpas via redes sociais. Ridículo para uma instituição que se diz empresa.
Atrás dos bancos de reservas, confesso a vocês, eu sinto vergonha alheia dos caras e das coisas que os caras gritam para os jogadores e o treinador. Sério, é triste, muito triste. Não estou dizendo que vocês não podem xingar, claro que podem, eu xingo e muito, mas tenhamos o mínimo de respeito pelos seres humanos, por mais incompetentes, burros, ou seja lá o que achem que eles sejam.
Se formos para segunda divisão, nem acho tão ruim, acho até oportunidade para reimplantar a fórmula que começou em 2010, e que hoje sabemos, deu tão certo em 2011 e 2012. Os fatos estão aí! Basta abrir os olhos e ver. O Marcelo Oliveira foi campeão Brasileiro. Deram um time “um pouco” melhor pra ele e, como num passe de mágica, passou a ganhar fora de casa também.
Eu quero um Coritiba renovado, que faça o novo, que mude os conceitos. Não o Coritiba do presidente que se alia aos lacaios e mercenários do futebol brasileiro, e que desfila no palco ao lado dos comandos.
O rival dá o exemplo. Rival que, por mais que me doa dizer, tem tudo pra estar, num curto prazo, anos luz à nossa frente, assim como estamos daquele que hoje nem mais rival é.
- Chega de pagar absurdos a enganadores! Chega de medalhões! Invistam na base!
- Tragam de volta o presidente da sobriedade, da continuidade e do progresso! Onde ele foi parar??
Eu quero um novo Coritiba, tanto quanto quero um novo futebol brasileiro.
Abaixo - segue coluna que escrevi quando da saída de Marcelo Oliveira. Mais atual do que nunca:
Quem leu minhas últimas colunas sabe que de fato eu já estava, como muitos de nós, fartos das escalações improvisadas, do excesso de volância, das derrotas, mas principalmente das declarações de supervalorização dos adversários que marcavam os discursos de nosso ex-técnico.
De fato, os jogadores apáticos em campo, principalmente fora de casa, pareciam também estar fartos do treinador, tanto que se habituaram a perder fora de casa, afinando o discurso e passando a tratar a derrota assim como o treinador tratava: fato normal diante da grandeza do adversário.
O fato de se entregarem e jogarem melhor dentro de casa, para mim é mais um motivo para comprovar o desrespeito que o time tinha para com seu comandante.
Como explicar tamanha diferença de comportamento das mesmas pessoas?
É que dentro de casa, não era apenas ao treinador quem deviam impressionar e alegrar, mas também a torcida, e ninguém quer ficar mal perante ela.
E assim, a impaciência com o treinador foi se alastrando e chegou até a imprensa que ao invés de apenas relatar o descontentamento dos torcedores com o treinador, passou a pedir, ainda que dissimulada e suavemente, sua cabeça.
Ontem, enfim, a intolerância com Marcelo chegou aos altos escalões Coxas. E o que se deu foi sua demissão.
Mas por que então a tristeza? Ora, não era a demissão que tanto queríamos?
Pode até ser, mas o que entristece é o fracasso do projeto. O que entristece é que ao demitir seu treinador, o Coxa volta a ser um time comum, como tantos no Brasil. A tristeza do colunista é fruto da ilusão alimentada, pois, juro que por um momento pensei que Marcelo Oliveira, não o de agora, mas o de 2011, ficaria anos e anos no nosso comando técnico, seria campeão, crescendo junto e conquistando títulos para o Clube mais bem administrado e comandado do Brasil...
Ledo engano.
E creio que ninguém deva ficar feliz totalmente, portanto, eis que a saída de Marcelo, é reflexo da falta de união do grupo, causada não somente por suas deficiências técnicas, não sejamos injustos, mas por um conjunto de fatores que envolvem do mais alto ao mais baixo cargo no alto da Glória.
A saída de Marcelo Oliveira é neste ponto também a sucumbência do projeto Coxa à cultura do futebol brasileiro. Um retorno às raízes mais nefastas do "nosso esporte bretão."
A saída de Marcelo Oliveira é, enfim, a expressão maior do fracasso do projeto, ainda que apenas no ano de 2012.
Por este motivo a coluna hoje é de tristeza. Porque a demissão é de Oliveira, mas o fracasso é nosso.
Mas, fazer o que? Bola pra frente. Esta é no fim a nossa sina de torcedor, apoiar, entristecer-se e alegrar-se com o Coxa.
Novos tempos hão de vir e a tristeza com certeza logo dará lugar à esperança de que, La Pulga, Deivid, e Marquinhos Santos – homem inteligente e de trabalho competente nas bases – consigam alegrar este sofrido coração Coxa Branca.
Que neste momento não bate, apenas fibrila de tensão.
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