Futebol: Razão x Emoção
Assim como a imensa maioria da torcida Coxa Branca, não estou contente com o time dentro de campo.
Mas me agradaram as declarações do nosso presidente, que se demonstrou claramente sabedor de que a resposta da equipe está abaixo da expectativa. Prometeu reforços, e valorizou o projeto. Sem amadorismo, sem render-se às paixões, pressões, confirmou sua equipe, e manteve a firmeza de um experiente dirigente empresário que ora presta serviços ao nosso futebol.
Antes que comecem as críticas, digo que os elogios não são mera ovação, e tento justificá-los questionando: Quando a produção de uma empresa cai num mês, o chefe demite todos os funcionários? Quando a empregada da casa, não limpa por uma ou duas vezes a contento determinado local, ou deixa quebrar uma louça, ela é sumariamente demitida? Ou ainda, você gostaria de ser mandado embora, por conta de desempenhos ruins de toda uma equipe? Pra depois ser recontratado novamente pela mesma empresa, ou por outra onde ocorresse a mesma coisa e assim sucessivamente?
Pois é esta a política do futebol brasileiro: Transferir ao técnico toda a responsabilidade de um Clube composto por diversos setores e pessoas. Na maioria das vezes é por pura covardia que o dirigente demite o treinador, para não ter que admitir que ele é incompetente, que os jogadores do seu time são fracos, ou que seu torcedor não comparece ao estádio para engordar os cofres do clube como ele gostaria.
É muito mais simples demitir o técnico. Muitas respostas não precisam ser dadas. Com apenas uma demonstração de "poder", satifaz-se a sede de cabeças dos torcedores e da imprensa que anseiam por mudança e por notícia, por pior que ela seja. Os jogadores dão uma melhoradinha (enganosa) apenas por medo de perderem suas titularidades, e dali a pouco, o processo se repete.
Foi-se o projeto.
E é contra este ciclo vicioso, modestamente, em minha opinião, que creio Vilson Riberiro de Andrade se remeta ao dizer ser um homem de projeto. É esta política do pão e circo do futebol brasileiro, que ele, aparentemente, quer tentar mudar. Sem contar que demissão de treinador implica em pagamento de multas rescisórias e mais prejuizo financeiro ao clube. Se vai conseguir manter esta nova atitude, é outra história, mas a tentativa é louvável.
Me torno por estas palavras amante incondicional do trabalho de Marcelo Oliveira, do time e do nosso presidente?
Não!
Concordo que o treinador vem errando sucessivamente na montagem do esquema tático do time, mas também concordo que precisamos de reforços, tendo em conta o desmanche pelo qual passou o nosso time, e que o próprio time está desmotivado. E aproveitando o gancho, novamente pergunto: O Seu chefe seria demitido pelo chefe dele se você estivesse desmotivado? Não, mas você provavelmente sim.
E sigo perguntando, passando para a segunda parte das declarações do presidente, e até porque o título do post é uma pergunta, esta fase difícil e de transição pela qual passamos, é motivo para a debandada de mais de 8 mil sócios? Isso é motivo para o esvaziamento das arquibancadas?
Quem tiver oportunidade, peço que veja o campeonato inglês da segunda divisão, ou assista jogos de times classe D do campeonato alemão, por exemplo. Não interessa a posição que o time se encontra, o estádio está sempre lotado. E estes miilhares de assíduos, certamente não começam a xingar os atletas no primeiro passe errado, como fazem muitos colegas meus de Mauá. E até mesmo eu às vezes. Assumo.
Com média de 26 mil torcedores, (95% da capacidade do estádio), como tem o Stoke City da Inglaterra,(você conhece o Stoke City?) e tantos outros tido como pequenos, fica fácil administrar um clube, comprar bons jogadores, construir um novo estádio. Aliás, novo estádio como e pra quê? Pra abrigar os 11 mil de sempre como estiveram lá contra o Nacional-AM? Pra receber mais de 30 mil apenas contra Flamengo e Corinthians?
Ainda tem gente que briga quando anuncia-se que o novo estádio teria apenas 40 mil lugares. Poderia ter 25 mil se estivesse sempre cheio.
E isso não é só no Coxa não, é em todo o Brasil. Ressalvadas as devidas proporções, creio que a torcida brasileira é como o povo brasleiro, xinga o governo sem dar às vezes sua devida retribuição. Começo a pensar até, vejam vocês, que brasileiro não gosta de futebol, nem do seu time, gosta apenas de vitória. É só ver quantos vão aos jogos espetaculares e quantos aparecem pra prestigiar os "joguinhos". Torcer é igual casar: na alegria e na tristeza, na saúde ou na doença, no paranaense ou na LIBERTADORES!
Temos que reclamar do que está errado? Sim. Mas temos também que começar a reclamar de nós mesmos. Vangloriar e parabenizar os 11 mil que sempre vão? Sim! Mas principalmente chorar o dobro de lugares vazios numa partida de Copa Nacional que é tida como sonho de consumo.
Para dar um útlimo exemplo: Woflsburg, cidade alemã, assim como Curitiba tem um time que leva seu nome. Esta cidade tem pouco mais de 121 mil habitantes. O estádio do wolfsburg, que nem de longe é um dos grandes da Bundesliga, tem capacidade para 30 mil pessoas e está sempre cheio, ou seja, quando o time joga, quase 25% da cidade vai ao estádio.
Quando um time com milhares de torcedores como o nosso, talvez milhões, conseguir colocar em todo e qualquer jogo pelo menos 30 mil torcedores, aí sim teremos condições de brigar por grandes títulos e conquistas.
Que me perdoem os sócios, a Império Alviverde, Povão, Mancha e todas as outras organizadas. Torcedores sem nome, assíduos frequentadores do Couto Pereira, este texto não é pra vocês.
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