Futebol: Razão x Emoção
Não me lembro o dia em que pus os pés pela primeira vez no Couto Pereira, mas lembro-me da sensação.
Um misto de medo, emoção, alegria contagiante e vontade de gritar e cantar junto com aquelas milhares de criaturas, todas vestidas iguais.
Nenhuma criança resiste.
Meu pai, seu Otacílio, conforme diz o texto ao lado, migrante vindo da Bahia, tirou minha primeira foto com o “tip-top” alviverde, logo ao sair da maternidade, jogou-me para o alto no título nacional de 85, quando ainda nem um ano eu tinha, mas foi quando entrei no Alto de tantas glórias pela primeira vez, que entendi o significado daquelas cores.
Mais do que amar o Coxa, foi no Couto que aprendi a gostar de bola, que aprendi a amar o maior e mais apaixonante de todos os esportes.
Foi o Couto, antigo Belfort Duarte, que me levou a não gostar do preto e do vermelho.
Foi no Couto que aprendi um pouco sobre a vida: como ela é feita de vitórias e derrotas. E como um empate, um acordo de opiniões, também pode ser um bom resultado.
É no Couto que revejo meus grandes amigos, Leandro, Heitor, Boca, Gui, nas pessoas de quem saúdo a todos os outros companheiros de coração alviverde. É o Couto que reúne a amizade que o trabalho e a semana atribulada separam.
Foi no Couto que aprendi sobre a violência, intolerância e de como a burrice, a falta de educação, são as molas propulsoras das atrocidades praticadas no futebol e na sociedade.
É no Couto Pereira que descarrego toda a mágoa e a preocupação, em cada grito de Gol, de raiva, e onde recarrego as energias para continuar ou iniciar a semana.
É o Couto, porque não, que me faz querer voltar pra casa, para o seio da minha família, cansado de festejar a vitória, ou ainda nervoso pela derrota.
É o Couto Pereira também que me faz querer um novo estádio, não por desdenhá-lo, pelo contrário, por entender que nossa segunda casa já sofre demais pela ação do tempo, e assim como um trabalhador da vida toda, merece descanso.
Por tudo isso, por ser este vulcão de emoções, não há nada mais que eu possa dizer para este gigante de concreto armado, que é fruto da união e trabalho de milhões de alviverdes abnegados:
Feliz aniversário velho companheiro! Obrigado Couto Pereira!
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)