Futebol: Razão x Emoção
Eu queria ser jogador de futebol
Ganhar muito dinheiro, ter muitas mulheres, treinar todos os dias em dois turnos, faça chuva ou faça Sol.
Ficar na concentração, ter uma ou nenhuma folga na semana.
Ficar dias longe da família, com um marmanjo roncando ao lado de minha cama.
Eu queria muito ser atleta.
Ter que estar sempre cem por cento, não poder falhar em nenhum momento,
Com a cabeça focada, sem balada, no jogo atenta.
Eu queria muito ser jogador e ter sempre que explicar o inexplicável aos jornalistas.
Por que perderam?
Por que não foram finalistas?
Por que não jogaram mais? Melhor? Por que não fizeram mais pontos?
Por que foi substituído? Por que deixaram escapar a vitória nos descontos?
Melhor ainda se fosse atacante! Para quando a bola me chegasse, eu nunca hesitasse.
E ao som de xingamentos e impropérios, sempre no cantinho, a redonda guardasse.
Talvez, eu quisesse ser treinador. Para sempre tentar fazer meu melhor e nunca me darem valor.
Para sempre me receberem com ódio, como se eu fosse um mau caráter.
Como se eu perdesse por querer e não quisesse defender meu emprego.
Como se perder ou ganhar não importasse, e eu só estivesse aqui pelo dinheiro e sossego.
Que nada, eu queria ser presidente de clube, ou ao menos diretor.
Nem que fosse de clube amador.
Teria rios de dinheiro para contratações, e um mercado farto.
Não teria de gerir um orçamento apertado, tampouco nenhum débito.
Estaria numa semifinal de competição nacional, campeão estadual, e não receberia nenhum crédito.
Eu queria ser presidente, para jamais poder perder a compostura.
Para sempre engolir ingratidão, cobranças, e oferecer ternura.
Para pensarem que não tenho vida social,
emoções, coração, ou um lado passional.
Melhor, eu queria ser comentarista esportivo
Para observar tudo de uma segura e imparcial cabine
Destruir carreiras com críticas, e construir outras com um só adjetivo
E ainda ganhar alguns tostões apenas para que eu opine
Não sei, estou em dúvida, acho que melhor mesmo é ser torcida.
É maltratada, mas não é tão cobrada. Só às vezes esquecida.
Apoiar, sempre apoiar, sem receber apoio na mesma medida.
No meio da multidão, ser só mais um com a mesma eterna dor no coração:
Por que a vitória é tão curta, e a derrota tão comprida?
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)