Futebol: Razão x Emoção
De 2013 pra cá o Coxa teve 22 trocas no comando técnico. Média de 2,44 treinadores por ano. De Celso Roth a Barroca, passando por Carpegiane e Sandro Forner. Mostram os números que quem mais assumiu o Coxa nesse período - três vezes - foi Pachequinho, o que deixa claro que o ciclo de decisão das diretorias para escolher treinador foi o mesmo: há uma tentativa de inovar, mas, sem planejamento, não é dado tempo e estrutura para o nome novo, logo há então a ideia sucumbe às pressões dos maus resultados e, no desespero, há o pedido de socorro a um medalhão.
A sequência abaixo comprova o ciclo vicioso:
Sandro Forner (2018) - 20 jogos, Eduardo Baptista (2018) - 18 jogos, Tcheco (2018) - 7 jogos, Argel Fucks (2018/19) - 18 jogos, Umberto Louzer (2019) - 30 jogos, Jorginho (2019) - 15 jogos, Eduardo Barroca (2020) - 22 jogos, Jorginho (2020) - 13 jogos (ge.globo)
O resultado desta "política" de contratações é o fracasso técnico e esportivo do clube até aqui. Quedas, derrotas, eliminações precoces em copas e déficit.
Não precisa ser gênio pra saber que tal estratégia não funciona, mas, por que o Coxa e a imensa maioria dos clubes brasileiros insistem nela?
Gestores de empresas privadas e, mesmo de organizações públicas conduzidas de modo sério, tomam suas decisões embasados por dados. Analisam o desempenho do setor, dos indivíduos, olham o mercado em busca de melhores nomes, e, alteram a equipe apenas e tão somente quando este "fato novo" é de fato o melhor para o todo. Matematicamente melhor.
Se houvesse um estudo sério ( provavelmente há) os dados refletiriam que não há procedimento sério de análise para contratar e demitir um treinador.
Não há. Em conclusão, o estudo diria que os "indicadores" determinantes do processo de troca de treinador são a)pressão de parte da torcida, b) polêmicas e críticas da mídia, c) pressão dos conselheiros e d) fraqueza do projeto inicial e consequente fraqueza na sua manutenção. Esta fraqueza de comando - dos presidentes - se explica porque, como não contrataram com base num plano sério, forte e de longo prazo, nao confiam em suas próprias decisões anteriores, e então preferem agir, para que pelo menos se safem de acusacões de "covardia, omissão e inércia.
O desempenho, aproveitamento, capacidade técnica do treinador, e, pasmem, nem mesmo os custos e os riscos judiciais das transações, segundo o suposto estudo - nao seriam fatores tão importantes a serem levados em conta.
De fato o futebol não é uma ciência exata e existem derrotas - em clássicos, ou desclassificações - que valem mais do que muitas vitórias.
Mas é preciso agir com a razão, prioritariamente. Com frieza e cálculo, como quando não cedeu às críticas pós eliminação na Copa do Brasil e manteve Morinigo nossa diretoria. A melhor decidsão estratégica da gestão até aqui.
Um clube rico até pode lidar bem por um tempo com estas decisões tomadas pelo coração e o fígado em vez do cérebro.
Clubes com menor orçamento, entretanto, devem ser mais estáveis, pensar no longo prazo, considerar muito mais manter a estrutura atual do que mudá-la.
Clubes como o nosso devem contratar com calma e demitir com ainda mais calma, sob pena de empilhar fracassos esportivos, dívidas e processos judiciais.
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