Futebol: Razão x Emoção
Não recomendo que façam o mesmo, mas eu cancelei meu plano de sócio. A relação minha com o Coritiba de há muito andava desgastada. Como um amor não correspondido, o Coxa só me maltratava. Todo dia, só me judiava.
A cada pequena demonstração de carinho eu corria à arquibancada achando que ele iria mudar, mas, logo me desiludia. Viver assim, e ainda pagar por isso, não dava mais.
Comecei a refletir sobre o que poderia fazer com o dinheiro que de mim o Coxa tirava, e percebi que dava para comprar alguns pacotes de fraldas, alguns potes de Nan, pagar várias horas de ensaio no estúdio Fuzz e, se levar em conta estacionamento mas meu consumo em cervejas pré-jogo, dava pra fazer uma compra razoável no mercado.
Comecei a refletir sobre o tempo que ao Coxa dedicava, seja aqui ou no estádio e concluí que mais proveitoso seria dedicar este tempo à família, ao trabalho, aos estudos e à música, meus outros grandes amores.
Na verdade, pretendo desligar-me do futebol em si, ao menos o brasileiro, que é lento, mal jogado e chato. Cercado de violência, corrupção, entrevistas enfadonhas, e coberto por uma imprensa no mínimo parcial.
Cansei de malhar em ferro frio, dar murro em ponta de faca, chover no molhado e dos demais ditados populares que ao caso se aplicam.
Por não ser mais sócio também não me sinto à vontade para continuar escrevendo ainda que muito esporadicamente neste espaço, do qual também me afastarei por período indeterminado. Pra usar mais um clichê: muito ajuda quem não atrapalha.
Sigo torcedor, mas cansei de ser otário. Já basta a política, a economia, e os demais dissabores diários com os quais sou obrigado a conviver.
Cansei de ser sócio mas jamais deixarei de ser torcedor. Não conseguiria nem mesmo se quisesse. Ser coxa-branca é como uma doença incurável, mas, os sintomas já estavam me deixando por demais debilitado.
Repito: não recomendo que façam o mesmo e abandonem o barco, em que pese o mesmo esteja já à pique. Mas eu, infelizmente não aguento mais.
Agradeço imensamente aos administradores que desde 2011 este espaço me abriram e que é muito importante à saúde e ao não perecimento total de nosso amado clube. Agradeço aos leitores, os que gostavam, que não gostavam, que me zoavam e de mim discordavam, enfim, todos. Agradeço e me despeço, ainda que temporariamente, ainda que triste e incerto do que ora faço. Por isso mesmo não digo adeus, mas sim, até breve.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)