Futebol: Razão x Emoção
O Coritiba está um escândalo. Dentro e fora de campo, um bando. Perdidos entre o passado cultuado em celebrações da vergonha alheia como o famigerado "contos do Couto", e o futuro que, todo dia, nasce morto.
Perdoem-me os organizadores, e até mesmo os que lá foram torcedores, mas, Dias e Arado, são gotas secas de passado refletindo a tristeza de nossas atuais dores.
Eu também abandonei o Coritiba, confesso. Parei de pagar o sócio, e não comprei mais ingresso. Dei-me o direito ao recesso.
De um ano pro outro tornamo-nos terceira força e ainda em queda, o que muito nos ensina. Quiçá a quarta; se considerarmos o belo histórico recente do Londrina. Há anos luz do maior rival, enquanto a gralha voa sobre nossa quintal, o vovô patina...
Oh Sina!
Se parar pra pensar, nada explica nossa luta e nossa aflição... portanto, ousei parar de pensar e deixar-me levar pela emoção.
Aproveitando um brevíssimo vespertino ócio, corri aflito à central de sócio. E num sinal divino de sorte, encontrei uma cadeira vaga, num ponto central do ProTork. Setor caro, mas esposa e filho pequeno exigem cobertura. Não é possível colocá-los ao léu, sob goteiras, e sobre frias rachaduras.
Cansei de ter razão, de estar certo. Cansei de dizer o óbvio, o claro, e achar-me esperto. Quero apenas curtir, tomar uma gelada, gritar e xingar, discutir sem motivo. Apenas olhar o futebol, ainda que mal jogado, sem critério, e sem objetivo.
Quero alienar-me! Ser sugado pela magia e pelos cantos que há anos sei de cor, dominado pelo calor, cuspindo sangue, saliva e suor.
Não quero mais fazer do Coxa um motivo pra pensar e sofrer. Quero no futebol e no estádio, mesmo o Coxa neste triste estágio, ver meu filho crescer.
Quem sabe ele veja um coxa decente, não decadente, utopia tão grande quanto um futebol sem violência? Não sei.. não quero saber... por hora opto pela ignorante inocência.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)