Futebol: Razão x Emoção
Feliz ano novo pessoal! Mais um ano de muito futebol e muita coisa boa aqui no Coxanautas. Mas o primeiro campeonato não é tão legal assim. Do que o paranaeense, até a copinha é melhor.
Houve um tempo em que o regional encantava. Até os anos 90 era um campeonato que queríamos ganhar, que todos queriam ferrenhamente disputar e que a torcida pagava e se amontoava pra ver.
Eram os tempos do pão com bife, do Pinheirão, das arquibancadas do Couto lotadas - então palco principal do nosso Estado.
Tempo terrível e que não deixa saudade, em que ver mulheres no estádio era raridade e ser lateral direito e bandeirinha era um ato de bravura devido ao risco de levar um copo de mijo ou uma pilha na cabeça. Tempo feliz e saudoso de comer amendoim com casca e jogar rolos de papel higiênico ao som dos fogos na entrada dos times em campo.
Hoje, os tempos são outros. Mais civilizados e menos machistas. Tempos de rituais orquestrados para o início dos jogos, de valorização dos sócios e de pagar mensalidades por pix. Tempos de mais profissionalismo e menos magia, talvez.
Evoluímos.
O que não evoluiu foi a Federação e seu modus operandi; que mantém um campeonato deficitário, desnecessariamente extenso, e que não é rentável pra ninguém. A pretexto de dar calendário a clubes pequenos os estaduais se mantém prejudicando os clubes grandes que nem mesmo podem inscrever quantos jogadores quiserem, por conta de uma esdrúxula limitação de inscritos. Obviamente que os clubes, sobretudo os 20 maiores, têm também parcela grande de culpa na sobrevivência dos estaduais, já que não conseguem se organizar e se libertar dos grilhões da CBF e suas afiliadas.
O estadual é apenas, para estes clubes, um mal, e que serve apenas, e olhe lá, como pré- temporada. Mas que muitas vezes engana o torcedor quando o título vem, e engana também quando não vem, levando-o a criticar precipitadamente os jogadores responsáveis pelos resultados.
Neste estadual em especial, por conta do novo treinador, devemos ver os profissionais em campo e uma busca dos jogadores pela titularidade enquanto Antônio Oliveira busca uma formação para a equipe. Sugiro à torcida que vá ao Couto para se divertir, tomar uma, conversar com os amigos e especular sobre a formação do escrete titular. Sem se preocupar com o resultado que nem de longe nos interessa. De há muito fomos superados pelo nosso co-irmao em nível nacional, muito por conta de nossa hegemonia estadual, sobre a qual sentamos confortavelmente enquanto víamos nosso rival deslanchar. O estadual é parte da história e merece, enquanto fato histórico, ser relembrado, contado. Mas é um fóssil, uma memoria moribunda que é inútil ao presente e sem perspectiva de futuro. Entender que o Estadual não vale nada, e que o título para nada serve além de ser colocado no currículo de jogadores e treinadores, é fazer as pazes com nosso recente passado de fracassos e reconhecer nosso difícil presente de reconstruçao.
Só assim podemos sonhar com um futuro melhor
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)