Futebol: Razão x Emoção
Uma das coisas que estão acabando com a graça do futebol é a Justiça Desportiva. Terno e Gravata não combina com esporte. Gabinete fechado, cheio de gente empolada, procuradores justiceiros, advogados chorando (fingindo mais que os atletas cai-cai e cavando decisões como pênaltis) extorquindo dirigentes por um famigerado efeito suspensivo, não combinam com o esporte.
Precisa mesmo de um tribunal, advogados, procuradores, juízes e de todo este espetáculo para saber quantos dias deve ser suspenso o cara que tomou cartão vermelho? Só no Brasil mesmo, em que se fazem regras dúbias, passiveis de interpretação, para justificar a atuação de burocratas que sobrevivem de uma situação inventada e desnecessária.
Três cartões amarelos: suspenso um jogo. Dois cartões amarelos na mesma partida, que equivale a um vermelho: suspenso um jogo. Cartão vermelho direto, por agressão, cusparada, ofensa etc., suspenso três jogos e ponto final. Precisa de um Tribunal para fiscalizar e cumprir isso?
Mas o raciocínio não pode ser simples, tem de ser complexo; entenda como eles pensam: “nós fazemos regulamentos esdrúxulos, com base no CBJD que é cheio de lacunas e leis interpretativas, o que nos permite trabalhar nessa folga, e, se der “xabú” o tribunal que resolva.” E assim todo mundo sai “ganhando”.
Sobre essa denúncia do STJD contra o Coxa e outros clubes de menor expressão, como muito bem disse a matéria do Coxanautas, é pura falta do que fazer. Eu até concordo que essa cláusula contratual não deveria existir, porque se o Clube não quer mais aquele atleta por que tem medo de atuar contra ele? Mas e o que tem sido feito com a arbitragem? E porque os treinadores podem trocar a todo momento de clube? Tinha que ser igual jogador, treinou o time por mais de seis rodadas, não pode mais treinar outro da mesma divisão. O mesmo para o clube que só poderia ter um treinador por temporada. E sobre os jogadores que não jogam contra seus ex-clubes por cláusula contratual, o buraco é muito mais embaixo, quero dizer, deveriam proibir que jogadores pagos pelo Clube x, atuasse no clube Y, isso sim é uma excrecência jurídica, que faz muitas vezes o cara virar credor do Clube que o contrata, sem ter trabalhado para aquele Clube.
Mas o que esperar de um Tribunal patrocinado pela CBF? O STJD, assim como os TJD’S das federações estaduais não têm moral nenhuma. São armários mofados cheios de cabides nos quais se penduram os burocratas e aproveitadores da desorganização que é o futebol Brasileiro.
Eu sou advogado e me orgulho muito do que faço porque, como a imensa maioria, só atuo quando é necessário. Não sobrevivo de causas inventadas que não deveriam existir. Com toda certeza afirmo: para organizar o futebol, se essa fosse realmente a meta, bastariam os clubes.
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