Futebol: Razão x Emoção
Se um dos nosso rivais vem crescendo nos últimos anos, o outro desce ladeira abaixo. A já anunciada queda para a Série C ocorreu, e, sim, devemos chacotear nossos algozes dos anos 90, mas, principalmente, devemos nos perguntar: corremos também esse risco?
O que fez descer tanto e tão abruptamente aquele clube que era exemplo de sucesso há duas décadas atrás?
Primeiro é preciso ter em mente que duas décadas é curtíssimo prazo em se tratando de futebol, e, em que pese seja possível destruir um clube nesse tempo, construir ou reconstruir um é outra história.
Em segundo lugar, apesar do número de torcedores, histórico e títulos, é preciso reconhecer que atualmente estamos, enquanto clube (administração, gestão e finanças) mais perto das gralhas do que dos poodles.
Em terceiro lugar, fundamental é perceber que, tanto nós quanto os paranistas acomodamo-nos sobre as glórias do passado. O coxa endeusando as décadas de 70 e 80, e o Paraná a de 90. Nosso rival maior, a partir de 95, ao contrário, passou a mirar o futuro.
Essa análise careceria claro de uma pesquisa profunda sobre os estatutos dos dois clubes, da relação com suas torcidas organizadas, e dos membros de seus conselhos que também são empresários de jogadores em claro conflito de interesses. Mas, alguns padrões são facilmente identificáveis.
Ambos os clubes tem conselheiros antigos, com pensamentos retrógrados, e que se agarram ao osso ainda que esteja roído e pútrido.
Ambos foram presididos por pessoas claramente despreparadas, o que, somado a uma estrutura e quadro de pessoal obsoletos, acabou por decretar a falência financeira.
Sim, pois, que se fossem empresas, tanto Coxa, quanto o Paraná estariam falidos, assim como Botafogo, Vasco e tantos outros clubes tradicionais.
Coxa e PR, além de renderem-se aos chamados "atletas de empresários" (LA e etc.) foram socorridos diversas vezes por torcedores ilustres e endinheirados que, nada mais queriam que lucrar às custas do Clube, enquanto ainda eram laureados pela mídia como "grandes coxas-brancas" ou "grandes paranistas".
A contratação de medalhões (uns mais caros outros nem tanto), e as péssimas negociações com joias da base também são pontos comuns às administrações paratibanas, vide caso Thiago Neves, Marcelinho Paraíba, Lincoln, Kazin, Baumjohann Rodrigo Guth (Atalanta) Luis Felipe (PSV), e tantos outros que saíram por merreca e vieram por rios de dinheiro.
Não há solução fácil, e o processo passa não só pela administração mas também pela torcida. É preciso ter calma com a queda, se ocorrer; calma com a base e com o treinador, caso os resultados não venham no ruralzão´; e também voltarmos a ser sócios. Eu pretendo voltar a me associar ainda este mês.
A diretoria, por sua vez, - que está apostando alto financeiramente, diga-se de passagem - deve inspirar-se no co-irmão, no Redbull, no Cuiabá, no Leicester, enfim, em clubes que sabem seu tamanho e conseguem, com galhardia, manter-se vivos nas competições, em dia com as finanças, apesar de não serem os queridinhos da mídia. Mas principalmente, deve seguir firme nas suas convicções, sem dar ouvidos aos conselheiros oportunistas, aos torcedores impacientes e à mídia abutre.
O Paraná, Juventus da Mooca das Araucárias, acabou. E o Coxa, quando recomeça?
Créditos. Coluna fruto do debate do grupo de whats Rivalidade Saudável: abraço aos amigos Sigmar (cap), Thiago(pr), Heitor(cfc) e Marcus.( cap)
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