Futebol: Razão x Emoção
Queria falar de futebol, mas não dá. Primeiro porque os dois times foram um pior que o outro. Segundo porque os imbecis gritaram mais alto. Já tentamos acabar com as torcidas organizadas, não adiantou. Já tentamos tirar a polícia dos estádios, não adiantou. Já tentamos torcida única, tecnologia, câmeras, identificação facial, digital... tudo em vão. Uma coisa nós ainda não tentamos: punir severamente os clubes.
Fui dar uma lida no Estatuto do Torcedor, Lei 10671/2003, e para tentar acabar de vez com o problema, poderíamos incluir o Artigo 13-B no Estatuto. Uma regra objetiva e direta para evitar defesas acrobáticas dos advogados e interpretações teratológicas dos tribunais, cujo texto trago abaixo para debater com as senhoras e os senhores:
“Art. 13-B Qualquer incidente de violência entre
torcedores e torcidas, dentro dos estádios, acarreta a
eliminação automática dos clubes envolvidos da competição
em disputa.”
Parágrafo primeiro: Se o incidente for apenas entre
torcedores e torcidas de um clube, somente este será
eliminado.
Parágrafo Segundo: Se o jogo do incidente for amistoso ou
único (copas, recopas, finais) o clube, ou ambos os
clubes começarão os próximos campeonatos de pontos
corridos com 20 (vinte) pontos negativos, e não receberão
prêmios financeiros em nenhuma fase das próximas Copas
que disputarem.
Parágrafo terceiro: A punição deste artigo e parágrafos
vale para todas as categorias do futebol: base,
profissional e master; masculino e feminino; em
competições nacionais e internacionais.
Essa regra obrigaria os clubes a fazer algo que nunca fizeram de verdade que é conscientizar sua torcida, adestrar essa manada, cadastrar e de fato fiscalizar. Porque o que existe hoje é um jogo de empurra: o clube diz que é vítima de marginais, o Estado diz que não tem como controlar as torcidas, e a imprensa, pra contemporizar, diz que o futebol é um microcosmo da sociedade e joga a solução para daqui 30 anos quando, com muita sorte, seremos uma sociedade civilizada e educada.
Esquecendo inclusive que as brigas seguem ocorrendo em países de primeiro mundo com a diferença de que lá as rixas são predominantemente longe dos teatros onde o espetáculo acontece. Porque o jogo é tratado com respeito, como um produto sério, caro, feito para ser vendido mundo a fora e, portanto, tem de ser bom e limpo.
Essa ideia pode funcionar também porque esses brigões - cujas vidas devem ser tão desgraçadas a ponto de fazê-los sair de casa para se aglomerar, xingar, jogar coisas e cuspir uns nos outros - não se importam com a sua segurança, dignidade, civilidade, segurança dos seus filhos e dos outros, mas claramente se importam com seus clubes, logo, eles vão ser obrigados a se comportar.
Já funcionou com o problema do arremesso dos objetos no gramado, não? Hoje a própria torcida fiscaliza o camarada, e ninguém mais (ou quase ninguém) ainda pratica este ato.
Sugiro, por fim, que não haja divisão nenhuma das torcidas, que elas fiquem misturadas nas arquibancadas, nas sociais, e nos camarotes. Sem grades, sem telas e sem polícia.
- Ah Fernando, mas vai morrer gente... Teremos muitas brigas...
E agora por acaso não tem?
Vamos levar o problema para perto dos filhos dos políticos e promotores que cuidam dos estádios dos seus frios e distantes gabinetes; para perto das famílias dos dirigentes, sócios remidos; e para dentro dos setores que apenas comentam o problema e tentam resolvê-lo sem entendê-lo ou vivenciá-lo. Tenho certeza de que rapidinho essa palhaçada acaba.
Sigam-me os bons @fernandoschumakmelo
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