Futebol: Razão x Emoção
Depois das cenas lamentáveis que vimos ao final do Atletiba do último domingo, a federação paranaense de futebol, após reunião com o comando da polícia militar, o Ministério Público, e a diretoria dos clubes, decidiu que eventual próximo clássico será disputado no metaverso. Segundo texto da decisão, cada equipe deverá criar seus avatares, que entrarão na arena virtual no dia e horário designados para a disputa do clássico de modo remoto. Os clubes devem providenciar óculos de realidade virtual e cada atleta simulará os movimentos como se em campo estivesse. A medida visa garantir segurança aos torcedores e aos jogadores, que, distantes um dos outros, poderão preocupar-se apenas em jogar futebol.
A decisão pelo primeiro Atletiba on-line, oficial e valendo pontos da história, surge como uma alternativa à outra sugestão dada pelas autoridades, tão inteligente quanto a medida da torcida única, que seria a disputa do clássico com time único. Se esta sugestão fosse acatada, quando o jogo fosse no Couto Pereira, com mando do Coritiba, portanto, apenas este entraria em campo e só valeria gol de calcanhar, ou de cabeça de fora da área. Quando o jogo fosse na Baixada, o mesmo deveria ser aplicado ao Athlético. Uma terceira alternativa ainda foi ventilada consistente na disputa do clássico por meio da tradicional brincadeira “três dentro, três fora”, mas, sem apoio, a proposta não avançou.
Brincadeiras à parte, sem qualquer intenção de ser politicamente correto, a briga foi a parte mais legal do jogo chato e morno que vimos domingo. Quem é que não gosta de ver uma boa briga? Quem é que não desacelera o carro para ver de perto um acidente? Quem não torceu para alguém dar um murro na boca do Thiago Heleno, depois de ter ele acertado a cara do Manga? Em resumo, não adianta querer esperar que a educação resolva o problema da violência no futebol. Só a punição é capaz de resolver. Será que aquela imprensa que chama de bandidos os torcedores que brigam, também virá com aquela falaciosa exclamação “ esses não são jogadores, são bandidos disfarçados de jogador”. Quem briga em estádio não é bandido, são pais de família, mulheres, homens, jovens, que se deixam tomar pelo clima belicoso e, adotando comportamento de manada e conscientes da impunidade plena, esquecem-se de quem são e dão vazão às suas angústias e tristezas por meio da agressão alheia. Tem bandido nas torcidas? Claro que sim, mas são pouquíssimos. A imensa maioria que briga no domingo, pega o carro, o ônibus, o uber e vai trabalhar segunda feira de manhã.
E qual deveria ser a punição ao espetáculo primitivo de domingo? Ambas as equipes deveriam ser sumariamente excluídas da competição, sem prejuízo das punições individuais, inclusive criminais. Porque o que se viu ali foram lesões corporais, ou ao menos tentativa de. Crimes tipificados pelo Código Penal Brasileiro. Óbvio que isso não vai ocorrer, porque no futebol as Leis não se aplicam, é um mundo à parte, onde tudo se pode, se permite e se aceita. Uma triste realidade virtual que nos remete ao titulo da coluna. Um universo paralelo sem leis e sem regras.
No que se refere ao futebol, o Coritiba jogou pau a pau com o Athlético no primeiro tempo, e o jogo poderia ter acabado ali. No segundo tempo, o Coxa optou por ser reativo, não criou nada, e deu muito espaço ao clube rival que meteu algumas bolas na trave e exigiu boas defesas do nosso goleiro. Vou destacar individualmente 3 atuações, a do menino Kaio César e do goleiro Gabriel pelo lado do Coritiba, e do meia Fernandinho pelo lado do Athlético. O primeiro porque foi insinuante e ofensivo como sempre, colocou a bola onde Bento não esperava e abriu o marcador em nosso favor. O segundo porque garantiu o resultado de empate em terras hostis. O terceiro porque é um jogador diferenciado e, no segundo tempo, com passe e tranquilidade, dominou a meia cancha com pouca ou nenhuma oposição de nossos meias.
Na súmula, conforme matéria do coxanautas, além dos oito jogadores expulsos, mais uma vez Antônio Oliveira recebeu cartão vermelho. Seria um bandido disfarçado de treinador?
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