Futebol: Razão x Emoção
Segue texto meu de 21.11.2011. Mais uma prova do ciclo vicioso do Coritiba e de todo o futebol brasileiro no que se refere a comando técnico. O texto é atual e serve tanto à chegada de Marcelo quanto à saída de Pacheco. Até porque o Pacheco de amanhã pode vir a ser o Marcelo Oliveira de hoje. Boa leitura! Boa sorte Marcelo Oliveira!
Renovamos com Marcelo Oliveira. Hora então de analisarmos se isso é bom ou ruim para quem mais nos interessa: o Coxa.
Não é da cultura do futebol brasileiro a longevidade de um técnico em seu cargo, por vários motivos: é mais fácil às despreparadas diretorias demitirem um único funcionário do que 11 ou mais; a pressão da torcida Brasileira com relação ao treinador é muito grande, até porque todos nós achamos que entendemos um pouco de bola. Por isso mesmo é que quando o líder técnico faz algo que nos desagrada, os chamamos logo de burros, ao invés de tentar entender seus motivos.
A primeira temporada de Sir. Alex Ferguson à frente do Manchester United, 86/87, foi medíocre. O Manchester, assim como o Coxa, teve muitas dificuldades nas partidas fora de casa, conseguindo vencer apenas um jogo, contra seu eterno rival Liverpool, terminando o campeonato inglês apenas na 11ª posição.
Apesar do desempenho, a diretoria do time inglês manteve o treinador no cargo, contratou bons jogadores, estruturou o clube e o time. As temporadas seguintes foram também de adaptação, e apenas na década de 90 o Manchester despontou a ganhar títulos, tornando-se um dos maiores times do mundo, e, por conseguinte, elevando Alex Ferguson ao posto de incontestável, bem como a ganhar o título de Sir, e completar 25 anos de glórias, com 26 títulos conquistados.
E o que tem isso a ver com o Coxa e o futebol Brasileiro? Tudo. Um clube de futebol é muito mais que apenas o técnico. Vale dizer, ele precisa ser tratado como uma empresa, e funcionar como uma máquina bem azeitada, e isto não se consegue com a mudança contínua de comando. Não espero que a torcida coxa-branca tenha a mesma paciência dos torcedores do Manchester com nosso atual e futuro treinador, mas é preciso confiar na diretoria e no trabalho que vem sendo feito. E este trabalho passa certamente pela estabilidade da comissão técnica.
Em um ano, ganhamos invictos um título paranaense, conquistamos o recorde mundial de vitórias consecutivas, chegamos pela primeira vez na história às finais da Copa do Brasil, e muito provavelmente terminaremos entre os primeiros o Certame Nacional. Diante dos números não há como negar que o trabalho de Marcelo Oliveira foi bem feito, por mais que muitos - inclusive este interlocutor - achem que ele peca pelo excesso de cautela algumas vezes. Ninguém agrada a todos o tempo todo.
O problema ao meu ver é mais profundo: cultural. O trabalho do técnico no Brasil é supervalorizado. Isso mesmo. Quando se demite uma única pessoa pelo fracasso de uma equipe, supervaloriza-se a responsabilidade e a importância que aquela figura tinha.
Errado. Os sucessos de um clube de futebol são frutos de uma soma de fatores: comando técnico competente e estável, diretoria séria e profissional em todos os seus setores, remuneração em dia, e torcedores associados, adimplentes, assíduos e apaixonados.
Que me perdoem os treinadores, mas os clubes precisam desvalorizar o trabalho dos treinadores. Transformá-los em meras peças de uma engrenagem que funciona bem com ou sem eles. Isso os faria lutar para manterem-se em seus cargos, bem como evitaria a contratação milionária de falsos “salvadores da pátria” que sempre aparecem de tempos em tempos: sanguessugas de clubes mal administrados.
Por tudo isso, penso que estamos no caminho certo. Parabéns à Diretoria Coxa! Boa sorte Marcelo oliveira! Conte com meu grito de apoio nas arquibancadas em 2012!!!
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