Futebol: Razão x Emoção
Tendo em vista que o Coxa surfa em águas calmas me concederei o direito de falar duas coisas. A primeira é desejar plena recuperação ao presidente Follador, ao narrador Jaci de Oliveira nas pessoas de quem desejo melhoras a todos que estão sofrendo dessa moléstia terrível chamada Covid-19.
A segunda é sobre uma impressão que tive após assistir alguns jogos misturados da eurocopa, brasileirao, sulamericana e paranaense.
Quando o Brasil era o melhor do mundo e possuía os melhores atletas de futebol do mundo o diferencial era a habilidade e a força. Diferenciais que sempre fizeram a diferença em nossos atletas, de Pelé e Garrincha a Romário e Ronaldo.
A tomada de decisão, nunca foi o grande destaque dos craques braseiros, mas sim a inventividade e até a irresponsabilidade.
Quando habilidade e força foram mundialmente democratizadas, e o talento sul-americano e africano passou a modelar o futebol de países mais estruturados que os da "periferia mundial", nós brasileiros perdemos o diferencial.
Se a habilidade e a força estão hoje disponíveis ao futebolistas de todos os países, e a criatividade e a inventividade são momentos raros, na maior parte do tempo o jogo é melhor ou pior de acordo com a maior ou menor capacidade dos jogadores no que se refere à tomada de decisão.
Sabe a expressão "jogador burro pra jogar"? É isso. Temos um ativo técnico consistente, porém, desprovidos de poder de decisão. Na Europa existe hoje, por conta da globalização da técnica do futebol, um grande ativo técnico mas com Maior Ativo Intelectual.
O ser humano atleta é melhor criado, quer por questões econômicas, quer por questões sociais. O ambiente do futebol é mais racional, ou ao menos tenta ser mais civilizado e isso forma melhores tomadores de decisão.
Peguemos Neymar por exemplo, um poço de técnica sem qualquer estrutura racional e psicológica para ser um bom tomador de decisão dentro e fora de campo. Em times como PSG, Barcelona com outros atletas bem formados, aptos a analisar os dados do campo, medir sua técnica, capacidade e optar pela melhor jogada, ele até se destaca e o time usa sua irresponsável frieza indolente a seu favor.
Quando na seleção brasileira, cercado de outros como ele, o time cai como um todo, sendo muito mais difícil ao técnico controlar as individualidades e criar esquemas coletivos. A seleção brasileira é personalíssima. Só os indivíduos importam. Você consegue identificar qual o esquema do Tite? Lembra de alguma jogada ensaiada? Deve haver, claro, mas nosso foco é tão individual que nem conseguimos lembrar.
Sem contar na moral esportiva que desde a base é exorcizada dos nossos futuros jogadores em prol das vitórias e do sucesso. Jogador profissional no Brasil tem que gemer, rolar de dor, saber sofrer, saber dar peitada, saber fingir e cavar falta. Isso no Brasil se ensina, vergonhosamente com o apoio dos pais, inclusive, desde os fraldinhas.
Temos corredores, temos criativos, temos habilidosos, temos atores, mas temos sobretudo seres humanos frágeis, mal criados (formados) que se tornam péssimos tomadores de decisão.
Se os atores não são bons não há como ter espetáculo.
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