Futebol: Razão x Emoção
Vocês já viram alguma notícia sobre superfaturamento nas obras da Copa do mundo do Catar? Viram alguma manifestação dos opositores cataris à organização do torneio? Viram alguma turba de ativistas queimar carros e apedrejar policiais em defesa do deserto árido que outrora ali havia e deu lugar a um colossal teatro de futebol banhado à ouro e com torneiras de onde jorra petróleo ao invés de água?
Obviamente que não. O catar é uma monarquia absolutista, onde a figura do comandante político representa também a vontade divina, ou seja, não existe debate. Há quem manda e quem obedece. Simples. A religião se confunde com a Lei, logo, o ilegal é também um herege, e merece ser punido como tal.
Não vou aqui fazer o discurso de que o povo Catar é oprimido, que a família real reina há 150 anos com mão de ferro - apesar do país ter sido um protetorado britânico por algum tempo - porque pode ser que o povo Catari seja feliz assim, e não queira viver sob os padrões "civilizados" do ocidente democrático.
A postura da FIFA é que está sob analise aqui, e é fato que a entidade tem optado nos últimos 12 anos, por democracias frágeis e autocracias.
Vejam bem: 2010, África do Sul. 2014, Brasil. 2018, Russia, 2022, Qatar.
Ao ir ao Catar a FIFA atingiu o ápice do bom negócio. Foi à forra! Achou um pais parceiro com muita, muita grana, sem imprensa e onde tem de negociar com poucos homens da mesma familia. Um sonho...
Em 2026 a FIFA dará um tempo em sua tour polêmica e vai descansar nos EUA, Canadá e México. Talvez pra gastar um pouco da grana amealhada nas últimas 4 copas e dar alguma satisfação ao ocidente.
Nao me entendam mal, eu ainda gosto de Copa do Mundo, do clima e da overdose de futebol. Mas o interrsse vem diminuindo drasticamente. Minha última emoção genuína foi em 94. As pessoas em geral preferem seus clubes e os campeonatos nacionais e continentais que disputam. Os jogadores, exaustos pelas temporadas cada vez mais disputadas, já não dão a mínima por jogar por seu país. E esse desdém dos atletas é reflexo claro do fato de que o futebol parece não ter mais, sobretudo nos paises emergentes, aquela função de embriagar a coletividade como uma dose necessária de coesão parriótica de quatro em quatro anos.
A despeito de tudo isso, a FIFA quer copa de dois em dois anos, com ainda mais seleções. Quer, portanto, a banalização do evento. O que justifica isso se não a intenção de ganhar mais dinheiro e fazer mais torneios em paises menores, com instituições de fiscalização mais frágeis?
Enfim, não serei surpreendido se a Copa 2030, comemorativa dos 100 anos do torneio se dê na Coreia do Norte. Já estou até vendo a cerimônia de abertura: um míssel balístico tripulado com os maiores craques segurando pequenas ogivas nucleares estampadas com a bandeira coreana, pousando no centro do Estádio Kim Jong-il, ( o quinjoilzão) após uma volta aterrorizante pelo globo terreste.
Pior que Copa do mundo só mesmo os estaduais. Mas isso é assunto pra outra coluna.
- E o Coxa, Fernando?
Calma, deixa eu acompanhar mais dois jogos e compartilho com vocês minhas impressões e projeçoes para este ano.
Sigam-me os bons. @fernandoschumakmelo
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