Futebol: Razão x Emoção
Somos um time de série B, acidentalmente na série A, fazendo uma grande pré-temporada para voltar a disputar a segunda divisão em 2024. O pessimismo não é fruto de opinião ou pura desesperança deste interlocutor. É baseado em fatos. Acompanhem comigo e vejam porque é um verdadeiro milagre estarmos na Série-A.
Se de um lado nada dá certo, de outro, tudo dá errado. Tivemos na presidência Bacellar, que vinha com o aval de grandes nomes e de um craque em especial. Tudo ruiu já nos primeiros meses. Em seguida, elegemos Samir, que prometia uma revolução silenciosa, austera e com soluções caseiras. Fracassou. Na última eleição, elegemos Follador, um coxa-branca, ex-atleta, profissional experiente, que prometia uma gestão profissional. Morreu.
No seu lugar como homem forte do G5, assumiu Juarez Moraes e Silva. Foi bem no começo, mas além de mostrar certo grau de amadorismo e muita emoção em momentos errados, adoeceu. Em seu lugar chegou Glenn Stenger, homem com cara, jeito e pinta de chefão. Estava até indo bem, mas as pataquadas com relação ao treinador anterior e a contratação de jogadores muito mais caros que técnicos, revelaram também suas limitações.
E não dá para falar em limitações sem lembrar do nosso time. No ano que mais gastamos, gastamos mal. Quem chega ao Coxa, pode até ser bom, mas fica ruim, devido ao clima de desordem e caos que no Couto impera. Mas ainda não acabou o buffet de tragédias: nosso melhor atacante – que não é nenhum craque, longe disso – se envolve, aparentemente, com a máfia dos apostadores. Em escândalo descoberto, ou melhor, revelado, um dia após o mais importante anúncio dos últimos quarenta anos: a venda do clube à SAF. Um verdadeiro banho de mijo na cabeça de todos nós.
Andrey, ano passado, em excelente fase, rompeu o ligamento. Morínigo nunca mais achou o 11 ideal e caiu injustamente. Gabriel Vasconcelos, chegou e se contundiu. O Atletiba do ano passado, no Couto, massacramos os poodles e, perdemos, também no final e com requintes de crueldade. Tivemos QUATRO laterais esquerdos, Egídio, Porfírio, Biro e Rafael Santos. Nenhum prestou, e um deles ainda é um potencial mau caráter. Esse ano, na última partida antes do clássico, estreamos o prata da casa Thigão Dombroski. Adivinha o que aconteceu? Lesão.
E para fincar de vez a coroa de espinhos em nossas cabeças, completando essa orgia sádica do destino, do nosso lado, o rival sorri. Vencendo não apenas nós, mas outros grandes times nacionais e internacionais, rodada após rodada, avançando em todas as competições. Com um futebolzinho bem meia-boca, porém, eficiente.
Não vou falar da última derrota hoje, eu não mereço isso. Vou falar apenas de um atleta: Robson. Ser ele o nosso destaque em várias partidas e a melhor contratação na relação custo-benefício, é a prova cabal de que se o Coritiba comprar um circo, o anão cresce.
Como um treinador que não tem planos à longo prazo, vou tentar viver jogo a jogo. Sem projeções e sem qualquer crença de que a janela do meio do ano nos salvará. Aliás, torcedor, eu cravo: ela não salvará! Não adianta nada trazer mais um monte de gente, e ficar com um elenco de 50 pangarés, uma folha salarial altíssima, para daqui a pouco demitir Zago, e trazer um outro nome qualquer para mudar de novo o esquema, as peças, a “filosofia”...
Vou torcer e acreditar porque é o que faço há 38 anos. Mas para mim é claro que já é hora de planejar o ano que vem, contando com a queda de receita oriunda da queda de divisão. É hora de trabalhar com o que temos, e não fazer ainda mais loucuras e cometer outras incompetências e irresponsabilidades. Talvez seja melhor começar a SAF na Série-B, e estruturar a casa num campeonato sem sustos, em que ainda somos respeitados, temidos. Onde ainda somos grandes.
Obviamente que muito mais que azar, temos na verdade um combo de incompetência e irresponsabilidade ao longo de várias gestões. Seria injusto colocar a culpa nos astros, retirando-a dos verdadeiros responsáveis: os dirigentes humanos.
E para não ser injusto, o milagre de estarmos na Série-A é provocado pela oração abnegada de milhares de fiéis que, faça chuva ou faça Sol, uma ou mais vezes por semana, sobem a ladeira da glória em busca de unção e cura deste moribundo clube.
Sigam-me os bons! @fernandoschumakmelo.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)