Geração 90
A principal promessa da chapa Coritiba Ideal, encabeçada pelo Saudoso Renato Follador, e eleita por 75% dos sócios alviverdes era reconstruir o Coritiba. E uma reconstrução passa por mudanças de métodos, governança eficiente, planejamento estratégico de longo prazo, e principalmente a busca pela valorização da marca do clube. Um dos discursos mais batidos por Follador era o de que o Coritiba precisava quebrar pontes e abrir conexão direta com times da elite européia, com o objetivo de vender seus atletas por cifras maiores sem depender de clubes pontes ou mercados intermediários.
Nesta temporada de 2022 o Coritiba revelou para o mundo o atacante Igor Paixão, que já havia se destacado muito no ano anterior. Para se ter uma ideia da relevância do atleta, hoje o mesmo detém números de gols e assistências próximos a Arrascaeta, craque do campeonato que atua no elenco recheados de estrelas do Flamengo. Inegavelmente Igor Paixão é um jogador extremamente diferenciado e um dos melhores “um contra um” do Brasil. Ter um atleta assim era um grande privilégio do Coritiba, pois em meio a situação financeira complexa em que vive, hoje o máximo que o clube consegue é emprestar atletas em baixa de outros clubes, ou captar jogadores medianos no mercado sulamericano.
Ao final do primeiro turno, mesmo com os bons números de Paixão, o Coritiba capengava, e mostrava que precisava ser reforçado para permanecer na primeira divisão. Isso escancarava ainda mais a importância de ter Igor no elenco, pois mesmo quando o jogador não ia tão bem, ainda conseguia dar assistências importantes e incomodar a zaga adversária.
Porém, a Diretoria resolveu negociá-lo e ele está de malas prontas para o futebol holandês, que hoje figura no segundo escalão da Europa. Saiu por um preço próximo de jogadores medianos como Robson Bambu, Gabriel Sara, e Gabriel Veron por exemplo. No entanto, nem vou focar no valor do negócio que é secundário neste momento, mas sim o que a saída do atleta representa neste momento: No período em passa pela maior crise da temporada, o Coritiba está se desfazendo do seu maior ativo técnico, abrindo mão de retorno muito maior que o mesmo poderia nos dar até o final da temporada, tanto técnico quanto financeiro.
Muitos vão dizer que o jogador caiu de produção, que não tinha como segurar, que o empresário pressionou etc. No meu entendimento nada justifica. O contrato do atleta era longo. Na minha visão perdemos a chance de mostrar a grandeza que Follador pregava, de se posicionar no mercado, de qualificar o elenco e de mostrar para o próprio jogador que o tempo a mais por aqui poderia proporcionar uma vitrine e um futuro melhor pra ele e para o Coritiba. A manutenção de Igor Paixão teria um peso muito maior do que todos os reforços que vieram nesta janela, juntos.
Como fica o clube agora? Pagaremos algumas dívidas e só. Assim como já vimos em outros carnavais, em especial 2005 quando vendemos meio time no decorrer do campeonato, o que parece um bom negócio hoje pode ser um tiro no pé lá em dezembro. O mercado hoje não oferece opções de reposição para o lugar de Igor, pois aqueles que teriam condição técnica semelhante já estão encaixados em outros clubes ou custam valores inviáveis.
Muito se tem falado de Morínigo nos últimos dias, e com razão, pois o treinador tem tomado decisões que colocam a prova todos os limites da paciência do torcedor Coxa Branca. Percebe-se hoje que a manutenção do treinador paraguaio está amparada muito mais numa convicção da Diretoria do que propriamente na avaliação positiva do trabalho da comissão técnica. Gostaria de ter visto esta mesma convicção no caso do Igor Paixão, pois o atleta teria um peso muito maior para permanência do Coritiba na séria A, do que uma eventual demissão de Gustavo Morínigo.
Dá-lhe Coxa!
Saudações Alviverdes!
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