Geração 90
Quinta feira a noite, derrota alviverde nos campos gerais por 2 x 1. Além da jornada pouco inspirada do Coritiba, da inexplicável insistência de Gustavo Morínigo com Matheus Sales e Muralha, e da péssima produção de imagens da NSports, há pouco a se comentar.
Mas um fato bastante corriqueiro mereceu minha reflexão neste jogo: O excesso de cera do time pontagrossense, com cenas que beiraram o ridículo como o gandula escondendo a bola de Natanael, acompanhadas da devida complacência da arbitragem.
Na mais bizarra delas, o atacante Felipe Garcia alegou ser atingido por Natanael fazendo uma cena como se o jovem lateral Coxa Branca tivesse lhe quebrado a perna. Sendo provocado por um jogador alviverde, o atacante levantou-se rapidamente pra procurar briga com o mesmo, porém ao não lograr sucesso voltou a se jogar no chão como se não pudesse mais andar. Depois de muita encenação e minutos conquistados, o mesmo dispensa atendimento médico, levanta como se nada tivesse acontecido e já corre para receber uma bola, continuando normalmente a partida.
Muitos vão dizer: Ah mas isso faz parte do futebol, se fosse a nosso favor isso não seria o problema.
De fato, não é de hoje que esse comportamento faz parte da cultura do nosso futebol, mas talvez seja um dos fatores que demonstram nosso atraso em relação ao futebol europeu, bem como uma das causas da mediocridade que impera no nosso futebol nos tempos recentes.
Mediocridade esta, comprovada nesta semana no comentário do empresário Wagner Ribeiro que teve a pachorra de dizer que Neymar é melhor que Pelé, e que se Neymar jogasse na época de Pelé marcaria 13 gols por jogo.
Neymar é um craque que se perdeu em seu próprio ego, convencido por bajuladores que é o melhor do mundo, mesmo sem ter sido sequer uma vez. Está chegando aos 30 anos sendo protagonista mais fora de campo do que dentro dele. Tem talento de sobra, mas foco de menos.
Não vivi a época de Pelé, mas não é necessário ter vivido aquela época pra saber que o Rei do Futebol foi um extra série numa época em que futebol era ingrato para os atacantes. Pelé passou a sua vida inteira apanhando dos adversários, saindo verdadeiramente machucado de campo enquanto seus agressores continuavam a partida. Assistindo qualquer documentário mais antigo, é fácil perceber que além de ser um craque construtor de jogadas e um exímio finalizador, Pelé sempre foi valente, perseverante e raçudo, não se intimidando com a perseguição implacável e violenta que sofria. A pergunta que fica pra Wagner Ribeiro é: Será que Neymar aceitaria jogar durante 15 anos sem a regra do cartão amarelo/vermelho?
A sensação que dá é que o futebol brasileiro parou no tempo. O nosso jeitinho já não cola mais em lugar nenhum. Nossa fábrica de talentos tem produzido mais artistas cênicos do que verdadeiros craques como Zicos, Romários, Rivaldos e Ronaldos. Nossa seleção, salvo raras exceções, é composta apenas por jogadores que passam pelo cursinho profissionalizante do futebol europeu, onde a falta de ética e profissionalismo é vergonhosa e punida, onde os arbítros só apitam faltas de verdade, o VAR toma decisão em 30 segundos, e o gandula é um mero figurante. Eles até sabem fazer cera por lá, mas utilizando o tempo e as regras que o jogo lhe permitem.
A verdade é que enquanto vários países menores estão se estruturando e começando a figurar entre as grandes potências do futebol, nós estamos aqui parados na nossa bolha, venerando e fazendo documentários para jogadores que tem mais comerciais do que títulos importantes, e achando bacana quando nossos times agem como equipes de várzea.
Dá-lhe Coxa!
Saudações Alviverdes!
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