Geração 90
Estamos diante de um momento que deve ficar marcado com um grande divisor de águas na forma como são geridos os clubes de futebol no Brasil.
As sociedades anônimas de futebol ou “SAF’s” estão aí pra transformarem de fato os clubes em empresas, permitindo que qualquer pessoa possa se tornar acionista da instituição mediante aporte de recursos.
Presumo que o novo formato seja uma porta aberta para atrair investimentos estrangeiros para o futebol brasileiro, porém isso não é garantia que ao se transformar numa SAF qualquer clube terá um sheik batendo na porta no dia seguinte com uma mala de dólares se oferecendo para adquirir uma parte do clube.
Seguindo a dinâmica das empresas privadas, ao se transformarem em SAF’s os clubes precisarão demonstrar para o mercado que possuem processos sérios e transparentes, estrutura dotada de governança e compliance, competência na sua atividade fim e o principal, o público consumidor do produto que determina a força da marca. Ou seja, para um clube ter sucesso como uma SAF, não pode existir margem para os amadorismos que ainda vem acontecendo no Brasil nas últimas décadas.
Trazendo essa ideia para a realidade do Coritiba, avalio que a simples adesão ao novo formato ainda não mudará muita coisa. Temos muito chão para percorrer até que o clube se mostre como um ambiente seguro para atrair investidores de dentro e de fora do País. Isso passa pela gradativa profissionalização da gestão esportiva, administrativa e financeira do Coritiba, além de mudanças de mentalidade da torcida, que precisará aceitar o fato de que qualquer resultado esportivo relevante só poderá ser alcançado com alguns anos de estruturação, e que este processo precisa sobreviver a percalços e resultados negativos que fatalmente ocorrerão no meio do caminho.
Dentro desta ótica, não haverá mais espaço para as bizarrices que presenciamos no clube na última década como os casos da compra de Galdezani, a farra de empresários, contratações obscuras como Dion, Filigrana e Lucumí, e a utilização de sete técnicos numa mesma temporada desprovida de critérios.
Nos próximos dias, a assembleia de sócios escolherá se o Coritiba seguirá ou não este inevitável caminho. Para aprovar a transformação em SAF, a Diretoria Coxa Branca precisa apenas munir a torcida de informações básicas sobre o modelo e garantir que o novo formato não comprometerá nossos patrimônios inegociáveis como nosso escudo, nossas cores, nossa camisa e nosso estádio.
Caso seja aprovado, o Coritiba adentrará uma nova era do futebol brasileiro, mas precisará ser muito hábil para recuperar o tempo perdido em relação ao estágio em que outras agremiações já se encontram. E nessa corrida o Coritiba tem um trunfo: um público consumidor fiel, resiliente, e que não abandona. Esta temporada foi a prova disso.
Dá-lhe Coxa!
Saudações Alviverdes.
Para quem quiser se aprofundar um pouco mais sobre os detalhes da nova legislação que trata das SAF’s, recomendo a leitura do artigo abaixo:
https://www.conjur.com.br/2021-out-15/opiniao-saf-oportunidade-clubes-brasileiros
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