Geração 90
No dia da reapresentação do Coritiba (03), o Presidente Coxa Branca, Juarez Moraes e Silva concedeu uma entrevista a imprensa, onde uma de suas falas me chamou bastante atenção, momento em que o mesmo mencionou a necessária ausência de emoção para fazer negociação de atletas.
Este trecho da entrevista me remeteu a outros carnavais quando o Coritiba cometia loucuras financeiras para trazer jogadores e treinadores que não podia pagar e/ou por pura identificação com o clube, muitas vezes pra fazer média com a torcida. Dentre várias lembranças, destaco duas situações mais recentes que foram determinantes para descida de patamar do Coritiba nos últimos anos.
Primeiramente a aquisição dos direitos de Matheus Galdezani por R$ 3,5Mi, que gerou uma dívida impagável naquele momento e forçou o clube a sacrificar uma grande jóia do clube, Matheus Cunha, que foi para o futebol europeu por míseras migalhas (R$ 700 mil). Sem dúvida Matheus Galdezani realmente passava por uma boa fase, mas naquele momento a emoção falou mais alto e os dirigentes agiram como torcedores, para agradar a massa. Resultado: A boa fase de Galdezani acabou e além da dívida, ficamos com o ônus de 3 anos de contrato com o atleta, que infelizmente ainda foi acometido por várias lesões neste período.
Em segundo lugar, o retorno de Marcelo Oliveira em 2017, treinador que custou ao Coxa na época a bagatela de 400 mil reais mensais, e que resultou em mais uma grande dívida não paga com direito a processo judicial. Marcelo, que embora pra mim tenha sido um dos maiores treinadores da história do clube, nunca teve perfil de bombeiro, sempre jogou de maneira aberta e ofensiva, perfil incompatível com o que precisávamos para aquele momento. Resultado: Além da dívida na justiça, o treinador deixou o clube rebaixado naquele ano.
Isso sem mencionar os contratos da Era Samir que nos deixaram na segunda divisão pagando polpudos salários a Wilson, Matheus Sales e outros, num momento em que o clube precisava apertar os cintos.
Pegando um exemplo de fora, nesta quarta feira o Cruzeiro de Ronaldo Fenômeno dispensou ninguém menos que o Goleiro Fábio, com quinze anos e 976 jogos a serviço do clube, provavelmente porque a equação performance vs custo não pareceu favorável para os novos gestores do clube.
Esta é a tendência atual, ainda mais com o advento das SAF’s: O dirigente não tem o direito de agir como torcedor. Acabou o amor. Ou os termos firmados são vantajosos e adequados para as duas partes ou não tem negócio.
Por essas e outras, embora o Coritiba tenha feito poucas aquisições até o momento, retornando pra pré-temporada praticamente a mesma roupa de 2021, ao menos a Diretoria atual não está fazendo nenhuma loucura, não estamos pagando 500 mil por um Hyoran, não estamos trazendo um Borja por 400 mil, não estamos repatriando jogadores caros e decadentes por amor, por identificação, ou renovando contratos por gratidão. As contratações até o momento tem sido feitas em consonância com a nossa realidade financeira, e suprindo carências do elenco, como deve ser.
O Coritiba precisa ser assim, frio e calculista, pois no aspecto financeiro somos um Davi no meio de vários Golias neste mercado do futebol. Nessa analogia, não adianta entrarmos no confronto braçal, precisamos acertar a nossa pedra no lugar certo, para aos poucos irmos ganhando força, musculatura e lá na frente poder competir de igual para igual na próxima batalha.
Por fim, há que se reforçar o que já falei na coluna anterior: Cautela e frieza não podem significar passividade. O Coritiba precisa formar a maior parte do seu elenco agora, momento em que o gerente de captação Rodrigo Weber precisa mostrar o resultado de seu trabalho. O Coritiba não pode ficar em hipótese alguma refém das sobras do mercado ou de destaques aleatórios dos estaduais, que podem apenas estar passando por uma boa fase, assim como Galdezani estava em 2017.
Dá-lhe Coxa!
Saudações Alviverdes!
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