Geração 90
Terça feira noite, clima frio e chuvoso, bem curitibano. Vai chegando o final da tarde e começa a pintar aquela ansiedade, daqui a pouco tem jogo do Coxa! Na correria do trabalho, mal dá tempo de parar pra fazer um lanche, afinal não gosto de chegar tarde no estádio. Perto das 19h20 já estou acessando as dependências do Couto Pereira, optando por assistir nas sociais ao invés da Protork (aliás, muito boa essa flexibilidade concedida pela Diretoria neste ano).
Antes do jogo, aquela resenha com meu amigo Ricardo Honório, traçando prognósticos de uma partida enjoada, difícil, mas sempre com a confiança na vitória. Mais perto do horário do início do jogo nosso grande parceiro João Sihvenger se une a nós na resenha, também confiante na classificação alviverde.
A partida se inicia e logo no primeiro lance o Criciúma abre o placar com Marquinhos Gabriel, que chegou no clube um dia antes e praticamente nem treinou. O gol oriundo de um entregada de Bruno Viana transforma o clima do Couto Pereira numa panela de pressão. A irritação e a impaciência do torcedor Coxa Branca, acumulada pela sucessão alternada de partidas ruins e péssimas que culminaram na precoce desclassificação do campeonato estadual, deixam o jogo nervoso. O tom de cobrança era geral.
Aqueles torcedores, que a exemplo da gente gostam de analisar friamente o jogo, vão enxergando um Coritiba desarticulado, sem compactação, que mais parece um bando em campo. A passividade do time em campo alcançava o comando técnico, que assistia uma tragédia sem promover alterações táticas ou substituições para estancar a sangria. Por muita sorte e competência de Gabriel, o primeiro tempo termina apenas 1 x 0.
Após o intervalo, a gente até tenta pensar positivo, imaginando que o time vai acordar e reagir para buscar a virada. Ledo engano. A entrada de Liziero no intervalo, e de Régis e Andrey na sequência até melhoram um pouco o frágil meio campo alviverde, mas nada capaz de gerar ameaças perigosas ao adversário. O time continuava nervoso ao ponto de dois atletas nossos quase irem pra vias de fato (Kuscevic e Andrey). O Coritiba jogava como um time de pelada, atacava de forma desordenada, e só não tomava gols de contra-ataque pela incompetência do adversário.
A impaciência ia se transformando numa raiva misturada a um sentimento de perplexidade em ver novamente o Coritiba sendo desclassificado de forma precoce da Copa do Brasil, comprometendo todo um planejamento financeiro, e fazendo estragos para o ranqueamento e a imagem do clube. Enquanto o jogo ia se aproximando dos minutos finais, os torcedores assistiam incrédulos e revoltados um time sem poder de reação em campo.
Quando tudo parecia se encaminhar para final triste e melancólico, o imponderável do futebol dá o ar da graça. Numa jogada despretensiosa pelo lado direito, a bola sobra para Willian Potker que cruza de maneira esquisita pra dentro da área. A bola que parecia ser mais curta, se estica alcançando Alef Manga lá do outro lado. O atacante alviverde, predestinado, que assim como seus companheiros de ataque vinha tendo uma péssima jornada, emenda um chute preciso, de primeira, no ângulo do goleiro.
O Couto Pereira explode de emoção. Como num passe de mágica, a atmosfera do estádio se transforma com a esperança da classificação renascendo quase que das cinzas. Daí pra frente, a torcida Coxa Branca protagonizou 10 minutos de um grande espetáculo, cantando e empurrando o time, que finalmente conseguiu agredir o adversário nos minutos derradeiros, quase conquistando a vitória.
Ao apito final do arbitro, aquele sentimento de revolta deu espaço a gritos de apoio incessantes, que trouxeram a energia positiva necessária para que Gabriel fizesse uma grande defesa e para que todos os atletas cobrassem os pênaltis com perfeição.
Ufa! Coritiba classificado! Uma classificação que caiu do céu. R$ 2 Milhões na conta, mais a possibilidade de seguir na competição mais rentável e acessível para um clube na nossa situação.
Saímos do Couto Pereira com um sentimento de alegria e muito alívio, que permitiu ao menos por um curto espaço de tempo esquecer os 85 minutos que passamos inconformados, esbravejando de raiva, assistindo a deficiência técnica dos jogadores em campo, e a inoperância da comissão técnica fora dele.
Esse é o futebol. Onde um gol pode mudar tudo, o rumo de um time, de uma partida, de uma classificação. Se chegarmos longe na Copa do Brasil, essa partida contra o Criciúma será muito lembrada pela forma como tudo aconteceu. Aqui, segue um vídeo que mostra muito bem essas emoções que o torcedor alviverde viveu no duelo de terça feira. (créditos: Canal J COXA).
Agora vem um hiato de 30 dias, que deve servir pra muitas reflexões internas dentro do clube, pra que providências sejam tomadas de maneira a evitar que o torcedor Coxa Branca continue sofrendo dessa maneira. Afinal a alegria e o alívio pela classificação são meramente passageiros. Quando acordamos na quarta feira, voltamos nossas atenções a sequência do clube na temporada, que não sobreviverá do imponderável, de lapsos de inspiração, nem de gols improváveis.
Dá-lhe Coxa!
Saudações Alviverdes!
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