Geração 90
A primeira grande oscilação do Coritiba no campeonato, que resultou na conquista de apenas dois pontos em doze disputados, nos permite chegarmos a algumas conclusões:
1) O time tem entrado nos jogos num ritmo de amistoso, enquanto as outras equipes estão encarando os duelos como verdadeiras finais. Durante o transcorrer destas partida a equipe até tem melhorado sua postura, a exemplo do jogo contra o Vasco, mas na maioria das vezes tem sido tarde demais pra buscar a recuperação.
2) Nota-se também que o time perdeu muito da confiança e do padrão que vinha tendo nas suas atuações. Léo Gamalho está saindo excessivamente da área e não está ocupando espaços na saída de bola do adversário (exceto no segundo tempo contra o Vasco). Igor Paixão não está conseguindo ganhar duelos individuais e anda tendo atuações apagadas. Robinho não está mais buscando aquele passe que quebra as linhas do adversário. Val parece estar descalibrado tanto nos seus passes, quanto nos seus lançamentos e chutes de média e longa distância.
3) Outro fator gritante é que o Coritiba tem entrado na área dos adversários com muito poucos jogadores. Dos onze que tem iniciado as partidas apenas Léo Gamalho e Igor Paixão tem esse costume, situação que facilita a vida da defesa dos outros times. Neste quesito, Waguininho tem feito muita falta, pois embora seja tecnicamente inferior a Rafinha e Robinho, possui uma afinidade muito maior com as redes, aproveitando espaços deixados pelos defensores que marcam Léo Gamalho. Apesar de ser um jogador com limitações técnicas, Willian Alves tem ajudado a melhorar este aspecto quando entra durante as partidas.
4) O rendimento individual vem sendo decisivo para os resultados negativos. Dos seis gols que tomamos nesta sequencia de quatro jogos, cinco se originaram de falhas individuais. No jogo contra o Confiança, Mateus Sales não acompanhou o zagueiro adversário que cabeceou sozinho. Na partida contra o Cruzeiro, Natanael não acompanhou Giovanni, que por sua vez disparou um chute defensável para Wilson. Já no segundo gol, embora o chute do jogador do Cruzeiro tenha sido a curta distância, Wilson falhou deixando a bola passar por baixo de seu corpo. No terceiro gol, o zagueiro Eduardo Brock conseguiu cabecear num espaço onde havia Robinho e Natanael, sendo que os jogadores alviverdes sequer saíram do chão. No jogo deste sábado, Wilson falhou mais uma vez rebatendo uma bola nos pés do artilheiro Cano. Porém as falhas individuais não se resumem só ao setor defensivo. No ataque, Biro (contra o Confiança), Willian Alves (contra o Remo), e Léo Gamalho (contra o Cruzeiro perderam chances inacreditáveis de marcar.
5) O técnico Morínigo tem mostrado ter muito pouca confiança nos seus suplentes. Quando entram, é geralmente pra tapar buraco. As únicas exceções são Matheus Sales e Rafinha. Os jogadores da base sequer estão ganhando oportunidades, sendo preteridos em detrimento de jogadores jovens emprestados de outras equipes, como Guilherme Azevedo e Matheus Alexandre.
Bem, chegamos a um ponto em que a gordura foi totalmente queimada. E ainda bem que ela existia, pois se fosse em outros carnavais o Coritiba poderia estar quase sem chances de acesso. Porém, mesmo com esta grande oscilação continuamos líderes, com grandes chances de acesso e título. Mas assim como a semana que antecedeu a partida contra o Vila Nova no primeiro turno, está claro que precisamos de mudanças, de um fato novo.
E esse fato novo não passa por uma mudança no comando técnico. O Náutico foi a prova disso nesse campeonato. Demitiu o treinador Hélio dos Anjos na primeira oscilação da equipe e um mês depois teve que recontratá-lo, mostrando que o problema não era o treinador.
Acredito que esse fato novo passa pela mudança de algumas peças. Wilson, Guilherme Biro, Val, Igor Paixão e Robinho estão em baixa. E isso é algo extremamente normal. Todos os jogadores, mesmo em alto nível, passam por momentos assim. Isso não significa dar baixa nestes jogadores, que foram tão fundamentais para chegar aonde chegamos nesta série B. Mas uma alternância de peças pode criar mais competitividade dentro do elenco, e tirar jogadores da zona de conforto.
O jogo contra o Sampaio Correia precisa ser diferente. Além dos retornos de Willian Farias e Waguininho ao time titular, o treinador precisa olhar para aqueles jogadores que estão psicologicamente mais preparados para esse momento de maior pressão. Gostei muito da postura de Gustavo Bochecha na partida contra o Vasco nos minutos que esteve em campo, mostrando que pode ser uma dessas opções.
A partir desta terça feira um novo campeonato tem que começar para o Coritiba. É a reta final. É momento de mobilização total. Morínigo e seus auxiliares precisam dar um choque de realidade nos jogadores, pra que entrem na partida contra o Sampaio Correa com a volúpia do segundo tempo jogado contra o Vasco e sem a desatenção que tem concedido tantos gols aos adversários nos últimos jogos.
A partir de agora não há margem para erros.
Dá-lhe Coxa!
Saudações Alviverdes.
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