Geração 90
Como tem sido prazerosas as últimas semanas para o torcedor Coxa Branca! Até o jornalista das terras baixas parece ter desistido de encontrar defeitos no Coritiba. Nove partidas de invencibilidade com seis vitórias e três empates. 72,7% de aproveitamento. A vice-liderança da competição com um jogo a menos. Já fizemos quase 40% dos pontos necessários para o acesso, em apenas 11 jogos. Mas o curioso, apesar dos números impressionantes neste primeiro quarto do campeonato, é que essa sequência de invencibilidade foi construída a partir de um futebol muito pouco vistoso, mas extremamente eficiente.
Aqui no Brasil, o futebol pragmático e estratégico em geral é muito mal visto por boa parte da torcida, que sempre espera ver aquele espetáculo, jogadas de efeito, e placares elásticos. Num campeonato de pontos corridos, como é a série B, é comum vermos times muito técnicos ficando longe dos primeiros lugares, pois não conseguem obter a regularidade necessária neste tipo de certame. O avassalador Santos de 2011, de Neymar e Ganso, é um exemplo disso. O campeão da libertadores daquele ano ficou apenas em 10º lugar, atrás inclusive do Coxa. Por outro lado, lembro daquele São Paulo tricampeão brasileiro (2006-2008) dirigido por Muricy Ramalho, que por muitas vezes jogava um futebol burocrático, chato até de se assistir, mas com uma organização e obediência tática tamanha, que permitia que o time pontuasse em quase todos os jogos, inclusive naqueles fora de seus domínios.
O Coritiba de Morínigo, guardadas as devidas proporções, tem jogado assim. Não se expõe quando não há necessidade, busca controlar o ritmo do jogo a todo momento, e ataca de maneira estratégica aproveitando espaços oferecidos pelo adversário. Ao analisar os últimos nove jogos da equipe, o que mais impressiona é quão pouco o Coritiba tem sofrido defensivamente, o que tem contribuído para vitórias confortáveis, mesmo pelo placar mínimo.
Avaliando os setores do time, podemos afirmar que encontramos nossa dupla de zaga ideal, que tem tudo pra ser a melhor desta série B (e melhor inclusive do que alguns times da série A). Nossos laterais não tem atacado muito é verdade, mas ambos tem sido fundamentais para a solidez defensiva do time. Já os volantes e meias estão mostrando um bom entrosamento e uma constante evolução, principalmente Robinho que tem sido uma grata surpresa, reencontrando seu futebol, e sendo peça chave para a criação da equipe. Já no ataque, o Coritiba tem mostrado grande eficiência, precisando de poucas oportunidades para marcar gols. Se Léo Gamalho está cumprindo com o que se espera dele, Waguininho e Igor Paixão tem superado todas as críticas e expectativas negativas, mostrando que podem vestir a camisa do Coritiba.
Pra quem gosta de observar a organização tática do time em campo, tem sido muito bom ver a obediência de posicionamento, a cobertura da marcação e a rápida recomposição da equipe nestas últimas partidas. Se o Coritiba não tem mostrado brilhantismo em campo, não tem faltado a eficiência necessária pra conquistar os pontos. E pra quem quer ser campeão e subir pra série A, isso é o que realmente importa.
Como nem tudo são flores, o aspecto negativo tem sido a precariedade das peças de reposição. Dalberto e Willian Alves tem mostrado um futebol sofrível quando entram em campo. O lateral Igor, que parecia ser a melhor contratação do ano tem mostrado displicente e desatento quando entra no meio das partidas, assim como Romário que por muito pouco não entregou um gol ao adversário no jogo da última sexta. Nesta partida contra o Sampaio Correia, estes jogadores entraram em campo com um cenário propício para o time fazer mais gols, com o adversário já entregue, e mesmo assim não renderam o mínimo esperado, quase comprometendo o resultado no final.
Discordando um pouco do pronunciamento feito pelo VP de futebol Osíris Klamas, avalio que alguns jogadores da base precisam sim estar compondo o time profissional. Luizão, Ângelo e Ruan estão em um nível acima dos jogadores que mencionei anteriormente. E utiliza-los em uma partida como a da última sexta, com o time vencendo por 3 x 1 certamente não vai queima-los ou atrapalhar os respectivos processos de transição. Pelo contrário, são nestas oportunidades que você pode dar minutos ao jogador jovem e promissor, e prepara-lo para situações mais adversas.
Voltando a série B, nossos próximos três adversários serão CRB, Operário e Náutico. Classifico como uma sequência de dificuldade similar a última enfrentada - Cruzeiro, Vasco e Sampaio Correia – partidas contra adversários diretos que nos renderam cinco pontos, e que com um pouco de sorte poderiam ter nos rendido mais. Devidamente “Morinizados”, esperamos que a equipe consiga manter essa excelente eficiência e regularidade, que transformou um time desacreditado e mergulhado numa crise, numa equipe confiante, vitoriosa e candidatíssima ao acesso a série A neste ano.
Dá-lhe Coxa!
Saudações Alviverdes.
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)