Geração 90
Marcelo Oliveira se notabilizou como um dos maiores treinadores da história recente do Coritiba. Com um elenco sem estrelas conseguiu implementar um esquema de jogo eficiente, que extraía o melhor dos atletas, jogando num 4-2-3-1 que agredia o adversário, que nos levou as finais de Copa do Brasil e ao recorde continental de vitórias seguidas. Mas apesar da passagem vitoriosa, um dos momentos mais lembrados da sua passagem no Coritiba, foi a finalíssima da Copa do Brasil contra o Vasco em 2011, ocasião em que o treinador não contava com seu talentoso atacante Marcos Aurélio. Podendo fazer uma simples troca por Leonardo, mantendo o esquema de jogo que vinha dando certo até então, Marcelo Oliveira resolveu inovar no momento errado, colocando uma nova formação tática até então não experimentada, com o volante Marcos Paulo. O final da história todos já sabem.
Quando se tem um time sem jogadores que tenham a capacidade de resolver um jogo individualmente, o entrosamento e a formação repetidamente trabalhadas são as principais ferramentas para se conquistar vitórias. Abrir mão disso significa assumir um risco muito perigoso, em especial, num momento decisivo.
Nesta quinta-feira, Gustavo Morínigo cometeu o mesmo erro que Marcelo Oliveira. Sem contar com o craque do time Igor Paixão, não havia outra alternativa a não ser se amparar no conjunto formado e a trabalhado até agora na temporada, fazendo a troca simples, que alterasse o mínimo possível a forma do time jogar. Morínigo tentou surpreender, espetou Matheus Alexandre no ataque, ainda que o lateral nunca tivesse mostrado no Coritiba qualquer vocação ofensiva pra jogar de ponta, matando o ataque do time. Pior, observando a improdutividade do atleta na função, insistiu no erro até os 22 minutos do segundo tempo quando o placar já marcava 3 x 0 para o time da casa. Lá trás, ao menos Marcelo Oliveira corrigiu seu erro com 15 minutos do primeiro tempo.
Mas a derrota que nos tirou da Copa do Brasil não pode ser atribuída exclusivamente ao erro do treinador. A verdade é que vários jogadores estiveram muito abaixo da crítica no rendimento individual. Cleyton e Alef Manga foram peças figurativas em campo. O miolo de zaga foi muito permissivo, perdendo muitas bolas aéreas. Andrey não esteve bem nem no ataque, nem na defesa. A maioria dos jogadores que entraram em campo, inclusive os suplentes, se mostraram pilhados, buscando mais as faltas e os atritos com os adversários, do que propriamente jogar futebol. Uma lástima.
Mas no futebol, precisamos lembrar que uma temporada ou um trabalho não pode ser avaliado apenas por uma partida. O momento de oscilação chegou, até muito antes do que esperávamos. Hora de fazer correções de rota, e de muito trabalho da Diretoria, Coordenação de Futebol e Comissão Técnica, especialmente no aspecto psicológico. Nada de terra arrasada. Muitos irão se insurgir, dizendo que está tudo errado, e que o treinador é fraco, que o elenco não serve. Natural.
Porém precisamos ter coerência e frieza, ainda que estejamos profundamente irritados e decepcionados pelo rendimento do time e pela saída na Copa do Brasil. A recuperação precisa ser imediata, pois a temporada não dá trégua e domingo já temos mais uma importantíssima partida pelo Campeonato Brasileiro, que é sem dúvida o nosso objetivo maior da temporada.
A cobrança interna precisa ser muito forte, pois a postura apresentada na partida contra o Avaí e contra o Santos não pode se repetir. Mas longe de se deixar levar pela emoção e pensar em mudanças drásticas, afinal o que nós queremos para o nosso futuro? Continuar apostando numa linha de trabalho diferente, de longo prazo, com os devidos ajustes que precisam ser feitos pelo caminho, ou retornar ao círculo vicioso de trocar o treinador de 2 em 2 meses, e contratar e dispensar duas ou três barcas de jogadores até o final do ano? Nossa história recente diz tudo.
Dá-lhe Coxa!
Saudações Alviverdes!
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