Geração 90
O meio de campo é o setor mais importante de um time futebol. É a região do campo de jogo que exige maior qualidade técnica dos jogadores, seja para marcar, distribuir, criar e articular jogadas. Quando os jogadores de meio não atuam bem, é muito provável que o time saia derrotado da partida. Não é à toa que os grandes esquadrões da história tiveram sempre grandes meio campistas.
Em todas as jornadas ruins deste Coritiba versão 2021, em especial nas três últimas, foi perceptível a fragilidade do nosso meio campo, que deu muito espaço pra chutes de longa distância, perdeu bolas de forma infantil concedendo contra ataques, e foi completamente inoperante na criação de jogadas, acionando muito pouco o artilheiro Léo Gamalho.
Coincidentemente, nestas partidas, Val e Rafinha não estiveram no melhor de seus dias ou não atuaram. Não que Val e Rafinha sejam craques insubstituíveis, mas o fato é que não temos jogadores no elenco com as características de ambos. Talvez Robinho pudesse suprir uma das vagas, mas infelizmente o mesmo começa a dar sinais de que irá sofrer fisicamente nesta temporada, justificando o contrato por produção.
No caso de Val, os seus substitutos, Matheus Salles e Johnny Douglas, são grandes marcadores, mas tem mostrado extrema dificuldade com a bola nos pés, errando alguns lançamentos e passes por infiltração. Ambos, assim como Willian Farias, são primeiros volantes, logo a atuação de um ao lado do outro nos remete ao mesmo erro cometido na temporada 2020, ocasião em que tínhamos Salles e Hugo Moura atuando juntos, tornando o meio de campo do Coritiba pouquíssimo criativo.
A verdade é que o futebol atual não aceita equipes com dois primeiros volantes, que só sabem marcar. E isso não é de hoje. Lá em 2003 montamos um grande time com Tcheco fazendo o papel de segundo volante. Em 2011, Léo Gago tinha a qualidade necessária pra dar lançamentos e chegar a frente. Nos times de ponta, todos os jogadores de meio campo precisam defender e atacar com qualidade.
Falando agora do nosso setor de criação, a situação é ainda mais crítica. Na ausência de Rafinha, Morínigo testou Waguininho e Tailson, jogadores sem o mínimo de cacoete para a função e que mesmo nas suas posições de origem estão rendendo muito abaixo. O único jogador que teria perfil para preencher esta vaga é Mattheus Oliveira, porém sua longa estadia no DM e o pouco que jogou desde que chegou não o credencia para uma vaga no time, tampouco para uma eventual renovação de contrato. Lucas Nathan poderia ser uma outra opção, mas pelo jeito não vem convencendo o técnico nos treinamentos.
Nos lados (na minha opinião o Coritiba atua no 4-5-1, e não no 4-3-3), temos um leque de opções, porém nenhuma para vestir a camisa de titular de maneira incontestável. Igor Paixão, mesmo mostrando certa afobação, consegue ser a opção mais regular. Depois do jogo do último domingo, penso que chegou a hora de Morínigo testar Natanael e Biro como pontas. Notem que os três últimos citados são jogadores da base, o que indica o baixo rendimento dos recém contratados da posição até então.
A amostra de jogos que tivemos até o momento indica que o treinador precisa criar alternativas dentro do elenco, utilizando os suplentes e os garotos da base, mas também fazendo uso de variações táticas. Já a Diretoria precisa se mexer para trazer jogadores que sejam soluções e não apenas opções de prateleira.
Por fim, é lógico que as últimas derrotas não podem ser atribuídas exclusivamente aos jogadores da meia cancha, mas avalio que este é o setor com o qual mais devemos nos preocupar visando encarar a série B mais difícil e disputada da história.
Dá-lhe Coxa!
Saudações Alviverdes.
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