Geração 90
Quando o péssimo árbitro Marielson Alves da Silva apitou o fim de jogo na tarde deste domingo confesso que estava um tanto chateado. Queria muito que o Coritiba conquistasse o título nacional.
Porém, quando saí do lugar onde assisti o jogo indo em direção a saída resolvi permanecer um pouco, caminhando pelo Couto Pereira, refletindo sobre a importância do Coxa ter conquistado o acesso.
Quando a torcida chamou o time para ser ovacionado mesmo com a derrota, já percebi que o título era apenas um mero detalhe dentro de uma temporada que precisava ser de reconstrução, e que exigia acima de tudo o retorno a elite, justamente quando a série B uniu cinco campeões brasileiros e outros times de tradição, o que dificultou ainda mais o objetivo alcançado.
Depois fui observando a alegria dos jogadores com suas famílias dentro do gramado, com um ar de satisfação plena pelo grande peso que saíram de suas costas, curtindo os últimos momentos dentro de sua segunda casa nesta temporada.
Rafinha parecia um pouco diferente, com um olhar já saudoso para o Couto Pereira, para a torcida, para as crianças correndo no gramado, parecendo que o seu tempo dentro das quatro linhas está realmente terminando. Será uma pena pois mesmo com a idade já avançada Rafinha mais uma vez foi uma referência técnica dentro de campo neste ano, e quem sabe poderia jogar mais uma temporada compondo o elenco numa série A.
Ainda dentro do estádio, fiquei no segundo anel olhando a saída dos jogadores, quando um fato me chamou atenção. Um pai com um menininho, que estava ali perto do fosso junto com outros torcedores celebrando cada jogador que saía para o vestiário. De repente Wilson veio e deu a aquele piazinho a luva que utilizou no jogo, dali a pouco Willian Farias veio e lhe deu sua camisa, seguido logo após por Léo Gamalho que adotou o mesmo gesto.
A felicidade daquele piazinho carequinha, que possivelmente está enfrentando algum tratamento médico, nos ombros de seu pai, pulando ensandecido de alegria, com um brilho ímpar nos olhos, acompanhando vários torcedores ao seu redor gritando “Coxa Coxa Doido”, me emocionaram profundamente. Me lembraram os mais belos momentos que passei na minha vida como torcedor do Coritiba.
Me lembraram que o amor que temos por este clube é maior do que muitos pensam. É o sentimento que faz o Jairton sair de Guaratuba para ir ao Couto Pereira em todos os jogos. É o sentimento que nos fez ir até Joinville por uma dezena de partidas. É o sentimento que nos faz superar todas as porradas que levamos nos últimos dez anos.
Mas também este é o sentimento que faz com esse clube sobreviva a todos esses maus momentos, que faz com que o Coritiba ressurja como uma ave fênix quando seus opositores cravam a sua derrocada. É o sentimento que leva 35 mil pessoas num estádio, mesmo com o cenário ainda pandêmico em que vivemos. É como diz a música “É tradição, não é moda. Você diz que acabou, eu digo nada mudou. Ôh ôh ôh...”.
Que este sentimento, este amor, esta energia positiva, ilumine nossos gestores, para façam um planejamento adequado e não incorram nos mesmos erros de outrora, de maneira que a temporada 2022 seja mais um passo neste processo de reconstrução, mas que principalmente, seja uma temporada que não judie do coração do torcedor alviverde, e sim permita-nos viver momentos felizes como foi no jogo contra o Sampaio Correia, Operário, e Brasil-RS e como foi para aquele piazinho e seu pai a partida de hoje.
Dá-lhe Coxa!
Saudações Alviverdes.
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