Geração 90
A política é uma forma de relacionamento complexa, que afeta muito o ego e a vaidade das pessoas, fazendo-as por muitas vezes se evadir dos fatos, utilizando-se do discurso plástico para desenhar um cenário diverso da realidade, visando se promover perante as demais pessoas.
Nesta última semana tivemos a publicação do balanço 2020 do Coritiba. Lá constam receitas na ordem de R$ 100 mi e um déficit de R$ 22 mi. As receitas, que foram quase triplicadas em relação a 2019, sugerem que o clube teria evoluído nestes últimos anos, porém, esta afirmação cai por terra quando observamos o constante aumento do passivo do clube, que apenas nesta última gestão foi na ordem de 20%, saindo de R$ 253 Mi e chegando a R$ 314 Mi.
Quando Samir Namur foi eleito em 2017, sua promessa era promover a união política do clube, implementar uma gestão de austeridade financeira, encerrar o ciclo de trocas constantes de treinadores, acabar com a farra de empresários, fortalecer as categorias de base, contratar jogadores de forma criteriosa, e evitar a continuidade da geração de passivos financeiros para o clube.
Terminou sua gestão com 7 (sete) treinadores em um único ano, contratando um caminhão de jogadores fracos e caros, acatando sugestões duvidosas de empresários, sem calendário pra base, e fazendo uma campanha de reeleição (da qual ele se dizia contra) vexatória, com direito a ofensas de baixo nível contra o outro candidato. De lambuja, temos hoje um profissional do quilate de Rodrigo Santana cobrando quase R$ 1 mi na justiça, por meros 30 dias de trabalho prestados no clube.
Mesmo assim, Samir com toda sua lábia e habilidade política buscou sustentar suas ações durante a campanha, insistindo até o final, protelando o pleito eleitoral de forma desnecessária e sacramentando o novo rebaixamento do clube.
Samir colocou os seus anseios políticos acima do clube, e ele não foi o único. Este passivo financeiro tem várias assinaturas. Este passivo tem as marcas de quem fez uso político do clube por anos, de promessas e discursos bonitos que nunca se cumpriram, das atitudes amadoras de dirigentes torcedores, e principalmente da incompetência (pra não falar coisa pior) na gestão esportiva do Coritiba que nos levaram a contratar Filigranas, Dions, e Lucumís.
O conteúdo deste último balanço financeiro escancara mais uma vez a necessidade de virar essa chave, enquanto há tempo, antes que seja tarde.
A gestão atual iniciou muito bem o trabalho, estruturando as áreas de captação, fisiologia e futebol, com bons profissionais. Mas este início promissor ainda não é garantia de muita coisa. Esperamos que o Presidente Renato Follador tenha a sabedoria e humildade que só os grandes tiveram, e não recaia nos mesmos erros de seus antecessores.
A votação expressiva que obteve nas urnas viabilizou a Follador um amplo apoio no conselho deliberativo, o que significa uma oportunidade de ouro para promover mudanças profundas no clube, reformular nosso estatuto, e de fato implementar o prometido planejamento estratégico de longo prazo, que possa ser blindado de desvios nos próximos anos.
Follador, que já prestou serviços ao clube como jogador, tem a chance de se juntar a outras figuras notáveis da história do Coritiba, não pelo seu discurso político, mas sim por seus atos e ações a frente da presidência.
Dá-lhe Coxa!
Saudações Alviverdes.
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)