Geração 90
Recentemente, temos visto a torcida Coxa Branca dividida em relação a diversos assuntos. Alguns avaliam que o time está voando baixo, outros não suportam o futebol reativo e nada plástico que vem sendo apresentado. Alguns pensam que o Morínigo é o novo Guardiola e outros acham que o treinador não presta e é retranqueiro. Uns gostam do Waguininho e do Igor Paixão, outros odeiam. Até Rafinha, que era uma sumidade até dias atrás, virou alvo de divergências entre a torcida.
Fato é, que nem todos os torcedores que emitem opiniões nas redes (como faço aqui neste espaço), sempre vão pensar da mesma maneira, ou ter a mesma leitura sobre o que acontece com o clube. Cada um tem o seu nível de convivência e contato com o Coxa, cada um cresceu torcendo de uma forma diferente, cada um viveu épocas diferentes, cada um interage com o clube com intensidades distintas. Mas todos, independente de serem mais ou menos doentes pelo Coritiba, formam a grande família Coxa Branca que sustenta o clube a mais de um século. Todos tem a sua importância, independente de serem sócios ou não, de frequentar ou não o Couto Pereira, de ser mais ou menos críticos.
E o torcedor é um ser passional, que geralmente não tem a frieza necessária para avaliar o contexto mais amplo do que acontece dentro de campo, se deixando levar pelo momento, não admitindo jamais uma eventual descida de patamar.
O Coritiba vem a quase uma década sofrendo com péssimos resultados dentro de campo, saindo de uma condição de clube emergente a um frequentador contumaz da zona de rebaixamento da série A, fato que ocasionou as duas quedas recentes.
Os maus resultados em campo tem causado perdas constantes de receita, em especial nos últimos dois anos devido a pandemia. Estamos perdendo torcida, patrocínios e calendário.
Erros do passado, cometidos por administrações amadoras, no sentido mais literal da palavra, forçam o clube até hoje a se desfazer de talentos da base para pagar dívidas.
É doído para o coração do torcedor Coxa Branca, mas devemos admitir que nossa situação atual é crucial e delicadíssima, sendo que o futuro de médio prazo do clube depende diretamente do resultado da atual temporada.
E não somos os únicos nesta situação. Nesta série B, temos três gigantes do futebol brasileiro em situação similar ou talvez pior – Vasco, Botafogo e Cruzeiro.
Nesse cenário extremamente adverso, somos o único destes quatro a se manter no grupo de acesso, algo que deve ser valorizado pelo torcedor. O time está jogando como o momento exige, ou seja, priorizando o resultado em detrimento da performance.
Mas apesar dos resultados favoráveis até o momento, parece que as pautas negativas insistem em tomar espaço nas redes sociais e nos grupos de conversas da torcida.
Tem tanta coisa boa pra falar, como por exemplo:
1) O fato do time estar em segundo lugar no campeonato, com uma sequência propícia para assumir a liderança nos próximos três jogos (Operário, Náutico e Brusque).
2) O fato dos empates contra Vasco e CRB, apesar de serem resultados ruins, terem segurado dois adversários diretos.
3) O fato de termos um grupo de jogadores focado, com boas lideranças técnicas, se doando em campo, mesmo com salários atrasados.
4) O fato que termos um treinador que mesmo diante das diversas adversidades extracampo, vem conseguindo fazer o time pontuar, mesmo quando joga mal.
5) O fato do elenco atual, apesar das fragilidades já conhecidas, ainda ser o melhor das últimas 4 temporadas (2018-2021).
Pautas positivas existem, mas a gente não se dá conta como temos a tendência a dar mais importância as notícias ruins e comentar o que está errado, e esse comportamento, quando multiplicado por 1,5 mi de torcedores, pode ter um efeito danoso para o dia dia do clube.
Entendo que o momento atual exige um trégua em prol de um objetivo comum. O cenário exige uma união absoluta da torcida, em especial das alas políticas do clube, que insistem em maximizar factóides.
Para subirmos para a série A, precisamos semear uma postura diferente, entender a importância do momento que estamos passando, e valorizar cada ponto, cada gol, cada passo rumo ao nosso objetivo. Precisamos que, assim como em 2007 e 2010, a torcida abrace o time e o treinador, e jogue junto (mesmo a distância), comemorando cada resultado, cada 1 x 0 sofrido, nem que seja de pênalti, e precise bater quatro vezes para valer um.
O Coritiba somos nós, é a nossa força, é a nossa voz.
Dá-lhe Coxa!
Saudações Alviverdes.
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