Geração 90
Quem cresceu nos anos 90 deve se lembrar da frase do título desta coluna, usada por torcedores paranistas para menosprezar na época os Coxas Brancas, com o intuito de exaltar seu momento presente que de fato era vitorioso, embora seu passado fosse um verdadeiro emaranhado de fusões que aos poucos apagaram a tradição de seus antecessores, em especial os “bocas negras”, torcedores fanáticos do antigo Ferroviário.
Nascido em 86, não presenciei o título de 85 em vida, tampouco os áureos períodos da década de 70 em que o Coritiba era soberano e absoluto no cenário estadual, e destaque nacional, com esquadrões que até hoje perduram na memória de vários torcedores daquela época. Até hoje não sei porque me tornei Coxa Branca. Talvez o que tenha me encantado no Coritiba nos anos 90 tenha sido a imponência do Couto Pereira, a tradição do time, as cores da bandeira alviverde, o nome do clube, porque tudo naquele momento me incitava a torcer pelo Paraná, o clube do futuro, a modinha da época. Muitos contemporâneos meus seguiram o outro caminho e hoje em dia lamentam o falecimento de seu clube, e agora fingem não se interessar por futebol.
Falo desse tema porque tenho percebido cada vez mais um número maior de torcedores questionando matérias que nos remetem ao passado, as vezes até com certas críticas. Quando leio isso lembro logo das pessoas que me diziam nos anos 90 que quem vive de passado é museu. No entanto, este passado é justamente o que nos segura nos momentos difíceis, que nos mantém vivos através de um exército de torcedores fiéis e seus descendentes que formamos ao longo de nossa trajetória, junto com órfãos como eu, que sem influência familiar, se seduziram pela história e pela tradição Coritibana.
Ter história pra contar não é pra qualquer um, seja para uma pessoa ou para um clube de futebol. Pra ter história pra contar, é preciso vivenciar muita coisa, superar os mais diversos desafios, manter sua originalidade, desfrutar das vitórias, mas também saber se reerguer nas derrotas. Tradição é uma coisa que não se compra, mas se conquista através de décadas. Se não fosse o nosso passado e nossa tradição talvez em 2010 teríamos seguido o caminho do tricolor da vila, que está prestes a fechar as portas.
Mas assim como uma marca famosa ou um restaurante tradicional, um clube de futebol não pode estacionar no tempo. Precisa se modernizar, evoluir e acompanhar os novos conceitos que o mundo moderno lhe impõe, afinal ninguém se torna vitorioso aplicando sempre os mesmos métodos. Eu imagino que todos os torcedores Coxas Brancas tem plena consciência disso, inclusive aqueles que estão na direção do clube.
Mas essa necessidade não pode significar que deixemos de cultuar nosso passado, que é justamente o que nos fortalece a enfrentar os desafios do presente. Se muitos de nós somos torcedores hoje, é porque em algum momento do passado do Coritiba, você se apaixonou por este clube, e toda vez que você olhar pra trás, vai se emocionar e reviver momentos especiais pra você, cada um no seu tempo, na sua época.
Por isso, não se sinta inibido em ler uma matéria sobre uma partida, um fato ou um jogador do passado. Não se sinta diminuído em assistir um vídeo no Youtube sobre aquela partida ou título histórico. Se delicie ao assistir ou ler um material dos Helênicos. Conhecer e respeitar o nosso passado é o primeiro passo pra construir nosso futuro. A nossa história é resultado de muito suor, amor, trabalho e dedicação de todos aqueles que já passaram pela instituição Coritiba Foot Ball Club, e por isso deve ser sempre exaltada.
Neste mês que o Coritiba completa 113 anos, a mensagem que eu gostaria de passar é que, apesar das dificuldades que vivenciamos nos últimos 10 anos, o momento é de perseverar, continuar se associando, participando e se engajando nos assuntos do clube, batalhar para que no futuro, possamos ter um passado cada vez melhor e mais vitorioso para contar para os nossos filhos e netos, afinal ninguém vive de passado, todos nós somos o passado, o presente, e o futuro do Coritiba.
Dá-lhe Coxa!
Saudações Alviverdes!
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