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Guria do Couto
UM DOZE DE MAIO INESQUECÍVEL
Há sete anos nós estávamos no Couto Pereira, para mais uma final de Campeonato Paranaense.
Me lembro da mobilização em torno daquela final, era um ano, aliás, recheado de expectativas. Com a chegada do Alex, instaurou-se um movimento de criar uma atmosfera favorável dentro do Clube, mudança de mentalidade. Criar a mentalidade vencedora que parecia ter faltado naquelas oportunidades recentes que tínhamos tido de crescer um pouco mais a nível nacional.
Pois bem.
A Império dialogou com o povão. Armou-se uma festa de papel picado, bexigas, faixa ‘fodaçe PORCO’ em letras garrafais, um enorme bandeirão com o rosto do Alex estava abaixo de mim no alambrado da arquibancada, meu costumeiro lugar dentro do Couto Pereira: sempre na frente da bateria, o coração do estádio.
Esse dia foi memorável para mim. Sabe a definição de ‘ter um dia de rei’? Esse foi um dia de rainha por aqui.
Era dia das mães. Minha querida Nona sempre adorou cozinhar para todos nós aos domingos, mas naquele em especial, a levamos para comer da polenta e do frango no bairro mais italiano da Cidade. Ela não tinha o costume de ir a restaurantes. Nem mesmo nessas datas especiais. Era caseira ao extremo, e os passeios favoritos dela eram quando íamos passar o dia no sítio. Por isso, já era especial pra nós em termos proporcionado esse ‘passeio diferente’.
Fim do almoço. Sabem como funciona o esquema de Santa Felicidade num domingo de dia das mães, né? Já podem imaginar, portanto, o tamanho da ansiedade em ir logo para o Alto da Glória.
Uma das coisas que sempre me encantaram na cultura de estádio é justamente esse clima que gira em torno das canchas. Daquela atmosfera típica de uma final, de um clássico. E eu estava lá, vivenciando a quarta final seguida do meu time, ainda com tão pouca idade.
Fomos agraciados com um gol de Alex para levar o jogo ao empate que, digo a vocês... jamais me esqueci da visão daquele gol de onde eu estava no estádio.
Talvez esse tenha sido o último Paranaense que tenha contado com tanta emoção, até porque, o time dos caras era o amontoado do sub 23. A graça de ganhar aquele título é pela graça de sempre: ganhar do time do Água Verde é sempre bom.
E aqui eu queria muito falar sobre essa "falta de encantamento" que hoje existe no nosso ‘ruralzão’. É fato notório que o campeonato não possui bons atrativos. Mas me recordo da alegria e da festa grande que foram esses títulos. O de 2008, 2010, 2011, 2012 e 2013. Todos eles foram decididos em atletiba e, não sei se é o passar do tempo, se é o desdém do rival com o campeonato, se é o sucateamento do campeonato..., mas aquela magia foi sentida pela última vez nesse 12 de maio de 2013. Depois, veio a final de 2017. Foi gostoso vencer? Claro, título é sempre bom. Mas a única emoção ficou no primeiro jogo daquela final, lá dentro do “Salão de Festas da Verba Pública” (essa denominação histórica, encontrada em certo aplicativo de check-in merece a menção honrosa aqui).
Agora, nos encontramos completamente órfãos de futebol.
Não sei na vida de vocês, mas na minha, ele ocupa bastante. A minha preocupação diária com o Coritiba – que me acompanha há tantos anos – já têm me feito falta também! É angustiante viver tudo isso.
Mas é reconfortante olhar para um passado recente e lembrar desses dias de alegria com AINDA MAIS motivos para sorrir. Fiquei a ver vídeos, fotos e tantos materiais não apenas desse ano de 2013, mas de tantos outros. E compartilhar isso com os meus amigos de longa data, que nesse momento não podem viver a minha mesma saudade – com certeza estreita nossos laços.
E toda essa soma de fatores, a saudade, a nostalgia, o orgulho, o amor que sinto por todas essas pessoas - seja a doce memória da minha Nona que torcia (ainda mais) para o Cori em dias de atletiba, sejam os meus amigos que eu criei ao longo desses anos frequentando o Alto da Glória, inundam meu coração de agradecimento por ter vivido de forma tão ávida esse clube que eu escolhi como extensão de quem eu sou.
Quero logo comemorar mais ’12 de maios’ com as pessoas que eu amo, viver a atmosfera singular do Couto Pereira. O lugar que eu prefiro estar, ainda nos momentos de incertezas.
Nos vemos por aí, Cori. Volte logo para nós!
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